sábado, 7 de outubro de 2023

Há um aluno disléxico por turma nas escolas portuguesas. Professores devem “ser formados” para lidar com perturbação

No âmbito do Dia Mundial da Dislexia, dia 10 de outubro, a Associação Portuguesa de Dislexia – DISLEX – alerta para a incapacidade dos professores em identificar e acompanhar os alunos com dislexia. Segundo a Presidente da Assembleia Geral da DISLEX, Helena Serra, “os professores, especialmente os que lecionam no 1º Ciclo, têm de ser formados para saberem lidar com a Dislexia na sala de aula”.

Em Portugal, o único estudo de prevalência da Dislexia, apresentado em 2011, aponta uma taxa de 5,4% de crianças com perturbações da aprendizagem relacionadas com a dislexia. Ou seja, estima-se que haja, pelo menos, um aluno disléxico por turma nas escolas portuguesas e que quase metade das crianças portuguesas que frequentam a Educação Especial – por terem dificuldades específicas da aprendizagem -, são disléxicas.

“Perante estes números, é importante salientar que há ainda muitos casos por identificar e que o único estudo português peca pela falta de representatividade – foram incluídas 1460 crianças, todas do 1º Ciclo. Este é um problema com origem na formação dos professores porque o sistema educativo não prevê um tipo de formação específica de forma obrigatória. Deste modo, muitos casos acabam por ser detetados já numa fase tardia da vida da criança, o que se traduz, posteriormente, em insucesso escolar, em muita frustração, em oposição à frequência da escola, em discriminação por parte dos colegas e em défice de saúde mental”, acrescenta Helena Serra.

Há indicadores que, sendo conhecidos dos docentes, permitem identificar a Dislexia em crianças assim que iniciam o seu percurso escolar, para que possam ser precocemente avaliadas por especialistas. A formação dos professores especializados e de apoio socioeducativo é um fator essencial para garantir uma intervenção adequada nas crianças com dislexia e um acompanhamento que atenue os problemas das crianças com esta condição.

“Só depois da identificação destes casos por parte dos profissionais de educação qualificados é que psicólogos, docentes especializados e terapeutas da fala podem intervir”, reforça, acrescentando que, a par, “os professores em geral necessitam de ferramentas que lhes permitam adaptar os testes e a forma como trabalham os conteúdos com as crianças disléxicas. O apoio ocasional do docente de Educação Especial não é suficiente porque a escola é uma atividade contínua.”

No sentido de contribuir para o aumento da informação e da consciencialização acerca deste tema, a DISLEX vai promover o VIII Congresso Internacional de Dislexia nos dias 1 e 2 de março de 2024, nas instalações da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti (ESEPF), parceira da Dislex na organização do evento. Este é destinado a Educadores de Infância e Professores dos Ensinos Básico e Secundário, Professores de Educação Especial, Psicólogos e, ainda, a pais e encarregados de educação. Poderão inscrever-se sócios e não-sócios da DISLEX.

Fonte: Notícias de Coimbra por indicação de Livresco

Sem comentários: