segunda-feira, 29 de junho de 2020

Professores alertam que tempo para a recuperação não pode ser uniformizado

A Federação Nacional da Educação (FNE) alertou esta quinta-feira a tutela para a importância de assegurar pelo tempo necessário as condições para a recuperação dos alunos, e não apenas nas primeiras cinco semanas, devido à pandemia de Covid-19

"As tutorias, por exemplo, terão de ser reforçadas pelo tempo que for necessário, não apenas durante aquelas cinco semanas de que o ministro da Educação falou, porque depende muito dos alunos", disse à Lusa o presidente da FNE, João Dias da Silva.

Na terça-feira, o ministro da Educação afirmou que as primeiras cinco semanas do próximo ano devem ser dedicadas à "recuperação e consolidação da aprendizagem" por parte dos alunos, mas a estrutura sindical defende que esse período não pode ser uniformizado.

"Três semanas podem ser suficientes para um aluno e para outros vão ser precisos três ou quatro meses. Há diversidades muito grandes e que, ainda por cima, terão de ter em linha de conta aquilo que irá ser o ritmo a que as atividades vão poder ser retomadas", explicou.

A FNE foi uma das estruturas sindicais recebidas esta quinta-feira pelo Ministério da Educação, que reservou o dia para ouvir os representantes dos professores.

Durante a reunião, a federação alertou também que as datas apontadas pelo ministro para o arranque do ano letivo, entre 14 e 17 de setembro, coincidem com um período em que muitos professores ainda vão estar em trabalho de exames.

De acordo com o novo calendário dos exames nacionais do secundário, a segunda fase das provas só se realiza entre 01 e 07 de setembro, terminando uma semana antes do início das aulas.

"Há professores que ainda vão estar em trabalho de exames, com correções e recursos, e esses professores não vão poder estar a iniciar a atividade letiva na mesma altura", afirmou João Dias da Silva, alertando, por outro lado, que também será necessário respeitar o período de férias dos docentes.

Além do reforço de recursos humanos, desde professores a assistentes operacionais, a FNE sublinha que há uma série de condições de funcionamento que deverão ser previstas na organização do ano letivo, com atenção, até, para as características das diferentes disciplinas.

"Para cada disciplina há que ter em linha de conta quais são as características dessa disciplina e quais são as regras a que tem de se obedecer para que as aulas possam funcionar", disse o dirigente sindical, dando o exemplo da Educação Física e das aulas laboratoriais.

Sobre o regresso de professores e alunos às escolas, a partir de setembro, João Dias da Silva referiu, à semelhança de outros sindicatos, que o Ministério da Educação transmitiu a vontade de retomar em pleno o ensino presencial no próximo ano letivo.

No entanto, avisa a FNE, a evolução da pandemia poderá voltar a tornar o ensino à distância uma necessidade e, por isso, há várias questões que devem ser acauteladas, desde logo a regulamentação do teletrabalho.

"Os secretários de Estado assumiram esta dimensão do problema e disseram que a questão da regulamentação do teletrabalho terá de ser feita para a generalidade da administração pública, mas nós achamos que há especificidades da área da Educação que têm de ser consideradas nessa regulamentação", adiantou.

Em Portugal, morreram 1549 pessoas das 40 415 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Fonte: TSF por indicação de Livresco

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