quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Estatuto social dos professores em Portugal entre os mais baixos do mundo

Os portugueses têm uma confiança moderada no seu sistema de ensino e a maioria não quer que os seus filhos sejam professores. Estas são duas das conclusões do primeiro estudo internacional mundial que compara as atitudes em relação aos docentes em todo o mundo. Portugal é um dos países em que o estatuto social dos professores é mais baixo, situando-se no último terço do ranking que hoje é divulgado.

O estatuto social dos professores em Portugal é o 14º do mundo, numa lista com 21 países, conseguindo um resultado mais baixo do que a maioria dos seus parceiros europeus como Espanha, França ou Finlândia. Ainda assim, os docentes nacionais conseguem melhores avaliações do que os colegas da Suíça ou Alemanha, cujos sistemas de ensino costumam aparecer bem cotados nos relatórios PISA, bem como Japão e Itália. O ranking é liderado pela China, seguida da Grécia, Turquia e Coreia do Sul. O pior resultado é o de Israel, seguido de Brasil e República Checa.

Estes dados foram recolhidos pelo Varkey GEMS Global Teacher Status Index, o primeiro estudo de sempre sobre o estatuto social dos professores que tenta comparar as atitudes em relação aos docentes em 21 países. Tendo por base inquéritos de opinião realizados junto das populações, os autores do trabalham concluem que a maioria dos portugueses não quer que os seus filhos sigam a carreira docente.

De acordo com o estudo que suporta o ranking hoje divulgado, apenas 12% dos portugueses encorajam os seus filhos a tornarem-se professores, o que é o segundo nível mais baixo, apenas suplantado por Israel. Além disso, mais de 50% dos respondentes nacionais assumem que “provavelmente ou definitivamente” não encorajarão os seus filhos a tornarem-se professores, a mais alta percentagem entre os 21 países do estudo.

Os portugueses mostram também uma confiança “moderada” no seu sistema de educação – ainda assim com melhores resultados que países como Alemanha, Itália, França, Espanha e Grécia –, mas dão nota positiva aos professores, a quem atribuem um nível de confiança de 6,5 (numa escala de 10), o segundo mais alto a nível europeu. “Isto sugere que Portugal deposita maior confiança nos seus professores do que no sistema de ensino”, salientam os autores deste trabalho.

Os cidadãos nacionais acreditam que o salário “justo” para os docentes seria significativamente superior àquele que estes realmente recebem – 30073.66 euros, face aos 26101.21 actuais. Outra conclusão do relatório aponta para o facto de a generalidade dos portugueses apoiar um sistema de vencimento em que os professores sejam pagos em função da performance dos alunos. Quase 80% dos inquiridos estão de acordo com a medida, o valor mais alto em todos os países europeus avaliados. Ainda assim, a nível internacional, esta forma de pagamento dos professores por 59% das pessoas.

O documento mostra que há diferenças significativas no estatuto dos professores a nível mundial, mas “não é clara a correlação entre o estatuto social dos professores e os resultados dos estudantes”, apontam os seus autores, mesmo nos países em que já existe uma relação entre os vencimentos dos docentes e a prestação dos seus pupilos. O relatório concluiu também que não existe uma associação estatística entre o desempenho dos sistemas de educação nos relatórios PISA e o nível de confiança de uma população nos seus professores.

Este estudo foi realizado pela Fundação Varkey GEMS Foundation, uma organização sem fins lucrativos, do grupo GEMS Education, criada para melhorar os padrões de educação para crianças desfavorecidas. Uma das variáveis analisadas foi o nível de respeito dos estudantes em relação aos professores, que atinge valores mais baixos na Europa. Os docentes recebem nota positiva em todos os países analisados no que toca à confiança. A média é de 6,3 e nenhum país avalia em menos de 5 os professores, com a Finlândia e o Brasil a liderarem a lista.

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