terça-feira, 11 de março de 2008

Identificar problemas de linguagem


Um método de avaliação da linguagem permite despistar problemas precocemente em crianças entre os 2 e os 6 anos. O teste foi criado por duas terapeutas portuguesas.
Com a designação de Teste de Avaliação de Linguagem na Criança (TALC), este método de identificação de problemas de linguagem em crianças dos dois aos seis anos nasceu da necessidade de ter um instrumento de avaliação português para as crianças de tenra idade. Como explicam as autoras, Maria Dulce Tavares, terapeuta da fala, e Eileen Sua-Kay, professora da Escola Superior de Saúde de Setúbal e do Alcoitão, há uma escassez de testes em Portugal para avaliar crianças destas idades, sendo normalmente usadas traduções de outros testes em língua inglesa.
Com este novo instrumento, a avaliação pode ser feita totalmente em português através de um manual de examinador, um livro de imagens e um conjunto de objectos em miniatura, como uma colher, uma cama, uma estrela, ou uma árvore. Associados a uma grelha de questões estandardizadas, permitem avaliar a compreensão e expressão da linguagem.
Pensado para que possa ser utilizado por terapeutas da fala e profissionais que trabalham com crianças, o teste permite a construção de um plano de intervenção e funciona como um complemento para a identificação de dificuldades de linguagem, permitindo que os problemas sejam despistados precocemente. O diagnóstico precoce é aliás fundamental, já que facilita o encaminhamento para os profissionais que poderão dar apoio e fazer uma intervenção facilitadora do desenvolvimento da criança.
Segundo Maria Dulce Tavares, não são conhecidos dados relativos ao números de crianças portuguesas com alterações nas capacidades linguísticas mas noutros países "cerca de 7,5% das crianças nos jardins-de-infância encontram-se nesta situação". Uma "percentagem significativa" já que, como sublinha Eileen Sua-Kay, muitas das crianças com problemas de linguagem que não são ultrapassados antes da entrada na escola revelam posteriormente problemas de aprendizagem.
Talvez por isso, o TALC tem sido muito bem recebido. Começaram por lançar uma edição de 50 exemplares mas em três reedições esse número quadruplicou. Com um tempo de aplicação de 45 minutos, o teste permite a avaliação das componentes de compreensão e expressão da linguagem na área semântica (vocabulário, relações semânticas e frases absurdas), morfossintaxe (frases complexas e constituintes morfossintácticos) e pragmática (funções comunicativas).
O teste permite também a identificação de áreas mais ou menos fortes no desenvolvimento da linguagem. Segundo as autoras, quando usado por terapeutas da fala, não só permite o rastreio, como também serve de instrumento complementar de diagnóstico das diferentes patologias da linguagem, permitindo, por exemplo, diferenciar entre uma perturbação específica e um atraso do desenvolvimento da linguagem. Numa primeira fase foi realizado um estudo exploratório com 210 crianças de ambos os sexos, entre os dois anos e meio e os seis anos de idade, apenas na região da Grande Lisboa. Contudo, após a análise dos primeiros resultados, foi elaborada a versão final do TALC, realizada a 580 crianças integradas em jardins-de-infância, de áreas urbanas e rurais, no Alentejo, Algarve, Grande Lisboa, Minho, Trás-os-Montes e Açores.
Mais informações:http://www.essa.pt/

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