quinta-feira, 5 de maio de 2022

Rastreios visuais e auditivos lideram medidas de recuperação de aprendizagens no 1.º ciclo

Os rastreios visuais e auditivos de crianças do 1.º ciclo são a acção que mais adesão teve dos agrupamentos de escolas entre as que se encontram elencadas no Plano de Recuperação das Aprendizagens 21

23 Escola+, lançado pelo Ministério da Educação no Verão passado.

Segundos os resultados apurados na primeira monitorização deste plano, 92% dos agrupamentos seleccionaram aquela acção. Os rastreios figuram entre as medidas de recuperação por se constatar que “há dificuldades de aprendizagem que decorrem de problemas auditivos e visuais que não são detectados precocemente”.

A monitorização foi feita através de questionários on-line enviados pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) a 806 agrupamentos e escolas não agrupados, tendo a taxa de resposta sido de 96,4%. No relatório agora disponibilizado, a DGEEC sublinha que a informação contida neste documento “se constitui apenas como um primeiro contributo para a referida monitorização, estando a ser complementada por outros indicadores, objecto de uma análise – necessariamente mais longa – que considera os impactos produzidos na aprendizagem dos alunos”.

No conjunto dos vários níveis de escolaridade, as acções mais adoptadas pelos agrupamentos foram Escola a Ler (82%), Começar um novo ciclo (74%) e Capacitar para avaliar (66%). A acção Escola a Ler passa pelo “fomento da leitura orientada em sala de aula” e pela “realização de actividades que proporcionem o contacto com livros que motivem” os alunos. Com o eixo Começar um novo ciclo pretende-se “garantir uma adequada transição entre níveis de ensino, através do acompanhamento pedagógico dos alunos”, uma vez que os anos de início de ciclo são geralmente os que têm maiores níveis de insucesso, com a excepção do 12.º ano. Já a acção Capacitar para avaliar destina-se sobretudos aos professores, com a realização de acção de formação e de “sessões práticas de capitação”.

Entre as acções menos adoptadas pelos agrupamentos figuram as Turmas Dinâmicas (37%), Gestão de ciclo e Avançar recuperando (ambas com 39%). A primeira passa, por exemplo, pelo “reagrupamento temporário de alunos por grupos de aprendizagem”. Com a Gestão de ciclo pretende-se, entre outras medidas, “facilitar a implementação de percursos individualizados de aprendizagem”, em que os alunos escolhem as disciplinas que mais se adequam aos seus objectivos.

A medida Avançar Recuperando, que foi uma das que suscitou mais dúvidas aquando da apresentação do plano, visa permitir que os alunos que passem de ano com negativas possam assistir às aulas destas disciplinas, adaptando os horários para que tal seja possível. Apesar de, no geral dos ciclos, ser uma das menos populares, esta acção lidera as escolhas feitas pelas escolas no 3.º ciclo (83%).

Mais 14 mil horas suplementares

Cada acção abrangeu, em média, “cerca de 11.000 turmas”, com particular destaque para a Escola a ler: 25.687 turmas, das quais 10.313 foram do 1.º ciclo. Entre os professores, mais de 14 mil tiveram horas suplementares para desenvolver as medidas adoptadas pelas escolas. Numa nota à comunicação social, o Ministério da Educação (ME) destaca que estão “em desenvolvimento e implementação mais de 80% das acções previstas”.

Nesta mesma nota, o ME recorda que “o trabalho de apoio às escolas na monitorização dos efeitos da pandemia nas aprendizagens dos alunos envolve a análise dos resultados do desempenho dos alunos” nas provas de aferição, que estão agora a ser realizadas. Para o efeito, o Instituto de Avaliação Educativa (Iave, responsável pela elaboração e classificação das provas) divulgou nesta quinta-feira dois guiões com orientações para a análise e utilização pelas escolas dos resultados da aferição, que tem sido um dos pontos fracos deste processo.

Fonte: Público

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