sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Um fato robótico para que paraplégicos possam dar uns passos

Maria Freitas estava há mais de quatro anos sentada numa cadeira de rodas, sem conseguir andar, quando usou pela primeira vez um exosqueleto robótico. Foi em setembro de 2013, na clínica de reabilitação inglesa Prime Physio, em Melbourne, perto da cidade de Cambridge. “Foi uma sensação inexplicável, uma alegria interior, uma coisa espantosa”, conta-nos, emocionada, esta madeirense de 43 anos, que, na altura de um acidente de mota, já estava a trabalhar em Inglaterra.


Desenvolvido por uma empresa norte-americana, o exosqueleto Ekso Bionics permite que doentes com vários níveis de paralisia nos membros inferiores, causada por acidente ou doença, possam levantar-se e andar. Ajusta-se ao corpo de cada doente com tiras de velcro, que podem ser colocadas e retiradas pelo próprio, mas a sua utilização deverá ser sempre vigiada. Os 23 quilos do fato biónico são totalmente suportados pelo robô e não pelo doente. Pode ser usado por doentes com 1,50 a 1,90 metros de altura e 100 quilos, no máximo. E o preço inicial recomendado em Portugal é de 120 mil euros, informa Allison Sojka, diretora de marketing da Ekso Bionics.

Um dos requisitos é que os doentes tenham alguma força nos membros superiores: o dispositivo, que apoia o tronco e os membros inferiores, é alimentado por baterias (com uma duração de cerca de duas horas), mas o doente terá de se apoiar em canadianas ou num andarilho.

Porém, Tom Shaw, com uma lesão da medula espinal que o deixou paralisado quase até aos ombros e sem função motora nas mãos, consegue mesmo assim usar o aparelho. “Tenho umas luvas especiais que permitem agarrar-me ao andarilho e tenho força suficiente nos ombros para o guiar”, relata (...) o britânico de 31 anos, que também faz terapia na clínica Prime Physio.

São já mais de 100 as pessoas que utilizaram o fato biónico nesta clínica britânica, com um total de 100.000 passos dados, refere o director da Prime Physio, o fisioterapeuta Andrew Galbraith, que começou a ter formação com o Ekso no final de 2011. Cerca de um ano depois, disponibilizou-o na sua clínica.

A nível mundial, Tom Shaw, Marianna Rooprai e Carly Taylor são os doentes com as lesões medulares mais graves (por se situarem na quarta vértebra cervical) a utilizar o robô Ekso. Fazem-no sob a vigilância de Andrew Galbraith. Tom Shaw, que vai à clínica fazer terapia de reabilitação duas vezes por semana, usa o exosqueleto uma ou duas vezes por mês. “Sinto-me extremamente afortunado por poder ter esta oportunidade.”

O aparelho foi concebido para que os doentes possam caminhar mesmo que não consigam comandar os seus movimentos – sensores incorporados dão informação sobre a posição do corpo e o robô ajusta-se ao movimento que se pretende fazer.

“Pomos o corpo direito como se fôssemos andar, inclinamo-nos um bocadinho para o lado e damos o primeiro passo”, explica Maria Freitas, sobre a forma como utiliza o fato biónico. Nas primeiras sessões com o Ekso, não era só o fato robótico que detetava o movimento do corpo dela, era também o seu cérebro que queria comandar o movimento das pernas. No entanto, desde o acidente de mota, em 2009, que o cérebro de Maria Freitas não consegue comunicar com as pernas.

Embora o robô controle totalmente os seus movimentos, ela sente a reação de outros músculos: “O corpo sente o movimento. Sinto as costas a moverem-se como se fosse eu a andar.”

Ao dosear a força exercida pelo Ekso Bionics, o terapeuta incentiva o doente a investir mais ou menos esforço, consoante os objetivos para a sessão de terapia. Pode mudar-se o padrão de locomoção, a velocidade e o comprimento dos passos, consoante os progressos do doente. O robô também ajuda a reaprender a andar: como dar cada passo, como mudar o peso do corpo de uma perna para a outra para preparar o próximo passo e qual a posição ideal do corpo para se manter em equilíbrio. (...)

Para continuar a leitura da notícia, ver Público.


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