“Autonomia e inclusão” “é um livro de Manuel Miranda, pai de um filho com deficiência mental grave, com todas as condicionantes que tal implica na vida.
Esta vivência fê-lo querer saber mais sobre as limitações e respostas para a deficiência, conduzindo-o a uma investigação, que verteu em livro. Uma obra onde nos narra a experiência de uma vida construída com o Tiago.
O autor transcreve e situa vários autores ao longo dos tempos, conduzindo-nos desde as sociedades primitivas na linha da evolução da história da deficiência no mundo, dando-nos conta dos avanços, mas também dos retrocessos ocorridos à escala global.
Da relação entre pais e famílias, à nova concepção de deficiência, passando pelos vários níveis de intervenção (precoce, na escola, na educação e sexualidade, e na idade adulta), ou ainda pelos deficientes vítimas de violência e abusos sexuais, bem como pela Carta de Direitos, traça-nos um panorama sobre a realidade do combate à deficiência em Portugal.
A obra reproduz a ligação Humanidade-Deficiência com análise rigorosa da deficiência mental e das necessidades de resposta, tendo em vista a integração na sociedade. A sensibilidade, advinda da necessidade, deu-lhe um humanismo feito do saber pela pesquisa e pela prática. Em jeito de alerta, e para memória futura, realça a importância no investimento na educação de crianças com necessidades especiais.
Um trabalho bem documentado e fundamentado, uma fonte de conhecimento onde definiu os diversos tipos de deficiência, respostas, práticas e enquadramento legal. Alguém que leu, pesquisou e arriscou escrever sobre um tema difícil, aproveitando também os conhecimentos que apreendeu como membro de um grupo de pais que procura criar respostas para deficientes.
Sem público-alvo definido, destina-se a um universo alargado de interessados: pais, técnicos, professores, ou simples curiosos. Um livro de leitura fácil e útil.
E nestes tempos com sinais de empurrar para a exclusão alunos com NEE, vistos como “casos de interesse administrativo”, uma referência”.
(De Ernesto Carvalhinho, ex dirigente da ARCIL, ex Provedor para a Deficiência, na Lousã).
Editado por “Lápis de Memórias”, Coimbra
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