O combate ao insucesso escolar deve ser uma meta que todos os professores devem definir em cada ano lectivo. Contudo, as estratégias a usar para conseguir alcançar esse objectivo nem sempre são fáceis de por em pratica e obrigam muitos docentes a ter necessidade de alterar praticas há muito enraizadas.
Há quem defenda turmas de nível que se, por um lado, podem levar os alunos a ter sucesso, por outro impedem‐nos do contacto com alunos diferentes, com outro grau de conhecimentos. Como professora também me parece um pouco frustrante trabalhar só com este tipo de alunos, com alunos sem motivação e com muitas dificuldades. Parece‐me importante um bom diagnóstico da turma, no início do ano lectivo e, de acordo com as dificuldades dos alunos, praticar um ensino o mais possível individualizado (o que não e nada fácil com turmas de 27 alunos ou mais) e recorrer a aulas de apoio postas a disposição destes alunos. Em minha opinião, a autonomia das escolas e o bom senso são parâmetros fundamentais para recorrer a este tipo de turmas.
Mesmo assim nem sempre o insucesso deixa de existir. E preciso lembrar que ele está intimamente ligado ao insucesso social. Se uma família apresenta baixa escolaridade, falta de emprego, as crianças dela oriundas mostram baixa auto-estima, falta de interesse e empenho o que conduz ao insucesso escolar. A escolaridade obrigatória é gratuita, em teoria; na pratica ela é dispendiosa e os alunos subsidiados não necessitam unicamente de manuais escolares, precisam também duma boa alimentação e de um local, em casa, calmo onde possam estudar e duma família que os apoie também, mas na família com insucesso social (e são tantas!) isto não acontece!
Há um provérbio africano que diz: "Para educar uma criança e preciso toda uma aldeia". Pensando bem, é verdade! O papel do Director de Turma é importantíssimo na ligação Escola /Família. Assim, a escola identifica os casos de insucesso e oferece apoio aos alunos com dificuldades de aprendizagem; através do Director de Turma reforça os laços entre escola e família para ajudar os pais a saberem apoiar os filhos nos estudos; e tendo em conta a diversidade e as dificuldades, os professores desenvolvem formas de trabalho e integração para o sucesso escolar. Mas nem sempre os Pais estão abertos a estes conselhos.
O Decreto-Lei n.º 319/91 foi revogado, as crianças com necessidades educativas especiais (NEE) continuam a existir e precisam de atenção muito especial. Nem todos os professores sabem lidar com "Dislexia" ou outro problema mais grave, portanto, para que o insucesso escolar não domine estas crianças cuja auto-estima costuma ser baixa (normalmente, partem já com espírito derrotista, com um "não sou capaz" ou " eu sou burro para isto" para as tarefas) é necessário que não se exija às escolas turmas com um elevado número de alunos. No entanto, a legislação mudou e esses casos estão incluídos em turmas com bastantes alunos o que, à partida, torna os NEE inibidos e um pouco amedrontados.
Se se vão buscar tantos exemplos à política educativa da Finlândia por que não copiar o que ai se faz quanto ao número de alunos por turma, 15 no máximo!!! E verdade que aí investe‐se na educação! Ela é considerada tão essencial como pão para a boca. Todavia, tiro o chapéu à recente criação do ensino profissional, tão necessário há tantos anos. Acredito que é uma boa solução para colmatar o insucesso escolar com o consequente abandono dos estudos, encaminhando os jovens que apresentam habilidades específicas em determinadas áreas. Ate que enfim!
Mas continua a ser premente investir na Educação, em Portugal, não pensando só nos jovens, mas também nos docentes, oferecendo‐lhes formação através dos centros de formação para que eles não sejam obrigados a despender do seu parco vencimento em formação, assemelhando‐se ao que se passa nas empresas privadas as quais financiam e dispensam os seus trabalhadores para formação, ao longo do ano. Paralelamente parece‐me importante que a profissão docente seja valorizada por parte dos governantes e da população em geral. Toda a gente, sociedade em geral, pais e até os governantes, apontam o dedo aos professores, culpando‐os de todos os males das escolas, sem fazerem um exame serio de consciência e verificarem que, se algo corre menos bem, a culpa não e da escola, não e dos professores, mas e mais fácil não assumir os erros…
Aqueles professores que enveredaram pela profissão docente por gosto (o meu caso, por exemplo) sentem‐se desmotivados, entristecidos e logo que seja possível abandonam a profissão. Esta é uma das razões por que tantos professores pediram a aposentação antecipada e é triste. A continuarmos assim, daqui a alguns anos começar‐se‐á a ver nos jornais o anúncio: PROFESSOR, precisa‐se!"
Marta Oliveira Santos – Licenciatura em Filologia Romanica
Correio da Educacao
Há quem defenda turmas de nível que se, por um lado, podem levar os alunos a ter sucesso, por outro impedem‐nos do contacto com alunos diferentes, com outro grau de conhecimentos. Como professora também me parece um pouco frustrante trabalhar só com este tipo de alunos, com alunos sem motivação e com muitas dificuldades. Parece‐me importante um bom diagnóstico da turma, no início do ano lectivo e, de acordo com as dificuldades dos alunos, praticar um ensino o mais possível individualizado (o que não e nada fácil com turmas de 27 alunos ou mais) e recorrer a aulas de apoio postas a disposição destes alunos. Em minha opinião, a autonomia das escolas e o bom senso são parâmetros fundamentais para recorrer a este tipo de turmas.
Mesmo assim nem sempre o insucesso deixa de existir. E preciso lembrar que ele está intimamente ligado ao insucesso social. Se uma família apresenta baixa escolaridade, falta de emprego, as crianças dela oriundas mostram baixa auto-estima, falta de interesse e empenho o que conduz ao insucesso escolar. A escolaridade obrigatória é gratuita, em teoria; na pratica ela é dispendiosa e os alunos subsidiados não necessitam unicamente de manuais escolares, precisam também duma boa alimentação e de um local, em casa, calmo onde possam estudar e duma família que os apoie também, mas na família com insucesso social (e são tantas!) isto não acontece!
Há um provérbio africano que diz: "Para educar uma criança e preciso toda uma aldeia". Pensando bem, é verdade! O papel do Director de Turma é importantíssimo na ligação Escola /Família. Assim, a escola identifica os casos de insucesso e oferece apoio aos alunos com dificuldades de aprendizagem; através do Director de Turma reforça os laços entre escola e família para ajudar os pais a saberem apoiar os filhos nos estudos; e tendo em conta a diversidade e as dificuldades, os professores desenvolvem formas de trabalho e integração para o sucesso escolar. Mas nem sempre os Pais estão abertos a estes conselhos.
O Decreto-Lei n.º 319/91 foi revogado, as crianças com necessidades educativas especiais (NEE) continuam a existir e precisam de atenção muito especial. Nem todos os professores sabem lidar com "Dislexia" ou outro problema mais grave, portanto, para que o insucesso escolar não domine estas crianças cuja auto-estima costuma ser baixa (normalmente, partem já com espírito derrotista, com um "não sou capaz" ou " eu sou burro para isto" para as tarefas) é necessário que não se exija às escolas turmas com um elevado número de alunos. No entanto, a legislação mudou e esses casos estão incluídos em turmas com bastantes alunos o que, à partida, torna os NEE inibidos e um pouco amedrontados.
Se se vão buscar tantos exemplos à política educativa da Finlândia por que não copiar o que ai se faz quanto ao número de alunos por turma, 15 no máximo!!! E verdade que aí investe‐se na educação! Ela é considerada tão essencial como pão para a boca. Todavia, tiro o chapéu à recente criação do ensino profissional, tão necessário há tantos anos. Acredito que é uma boa solução para colmatar o insucesso escolar com o consequente abandono dos estudos, encaminhando os jovens que apresentam habilidades específicas em determinadas áreas. Ate que enfim!
Mas continua a ser premente investir na Educação, em Portugal, não pensando só nos jovens, mas também nos docentes, oferecendo‐lhes formação através dos centros de formação para que eles não sejam obrigados a despender do seu parco vencimento em formação, assemelhando‐se ao que se passa nas empresas privadas as quais financiam e dispensam os seus trabalhadores para formação, ao longo do ano. Paralelamente parece‐me importante que a profissão docente seja valorizada por parte dos governantes e da população em geral. Toda a gente, sociedade em geral, pais e até os governantes, apontam o dedo aos professores, culpando‐os de todos os males das escolas, sem fazerem um exame serio de consciência e verificarem que, se algo corre menos bem, a culpa não e da escola, não e dos professores, mas e mais fácil não assumir os erros…
Aqueles professores que enveredaram pela profissão docente por gosto (o meu caso, por exemplo) sentem‐se desmotivados, entristecidos e logo que seja possível abandonam a profissão. Esta é uma das razões por que tantos professores pediram a aposentação antecipada e é triste. A continuarmos assim, daqui a alguns anos começar‐se‐á a ver nos jornais o anúncio: PROFESSOR, precisa‐se!"
Marta Oliveira Santos – Licenciatura em Filologia Romanica
Correio da Educacao
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