segunda-feira, 5 de novembro de 2012

"O meu filho vai ser prejudicado no seu rendimento escolar!"

"Ter um aluno com Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) na turma do meu filho prejudica o seu rendimento escolar!" Quantas vezes já ouvimos esta afirmação nas nossas escolas? A esses pais, que assim pensam, gostaria que refletissem comigo.

Pais que afirmam que o rendimento/sucesso escolar dos seus educandos é afetado quando na turma existe uma criança com necessidades educativas especiais. Pais que afirmam que o professor ou há de prestar atenção à criança especial ou ao restante grupo-turma. Tudo isto são falsas questões! 

A esses pais que assim pensam, gostaria que refletissem comigo.

Em primeiro lugar, os alunos com necessidades educativas especiais, salvo raras exceções, são integrados numa turma reduzida para que nenhum aluno possa vir a ser prejudicado. Em segundo lugar, a missão da escola não é exclusivamente um espaço onde se adquire apenas conhecimento científico. Outros valores se levantam, nomeadamente a educação para os valores que constituem elementos fundamentais para alicerçar um desenvolvimento integral dos seus alunos. 

Os alunos que convivem com pares especiais têm muito a ganhar:
- aprendem a respeitar e a aceitar todo o ser-humano, independentemente das características singulares de cada um;
- aprendem a partilha e a interajuda;
- aprendem a solidariedade e a tolerância e muito mais. 

Todas estas aprendizagens irão conferir ao aluno capacidades e irão desenvolver neles habilidades fundamentais para se tornarem adultos emocionalmente inteligentes. Serão, num futuro próximo, pessoas mais bem preparadas, quer intelectualmente quer emocionalmente. 

Não basta ao aluno ser excelente na área do saber, ele terá que, sobretudo, ser excelente nas relações interpessoais, no respeito pelo próximo, na regulação das suas próprias emoções, na criatividade e no empreendedorismo. Ao conviver diariamente, numa perspetiva positiva, com meninos especiais terá muito a ganhar na construção do seu "eu". 

Gostaria que todos os pais, sobretudo os que vivem "aflitos" porque o seu filho tem na turma uma criança especial, pensassem sobre isto. Se estes pais tivessem tido nas suas turmas, enquanto estudantes, crianças especiais, se tivessem tido a oportunidade de conviver com elas, repito, numa perspetiva positiva, nunca seriam "assolados" por estas falsas questões. 

E a esses pais, agora numa outra perspetiva, gostaria que tivessem a coragem de colocar a si próprios a seguinte questão: 
"E se fosse o meu filho?" 

Nada como este excelente exercício: colocarmo-nos no lugar do outro!

Manuela Cunha Pereira

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