Produtos que são universais, criados a pensar em todas as pessoas, quer sejam ou não portadoras de deficiência, já são uma realidade em Portugal mas ainda «há muito para fazer». No dia em que termina o primeiro Congresso de Design Inclusivo, a TSF falou com o especialista da ACAPO em acessibilidades.
Imagine que vai comprar um computador e que o aparelho já vem com um programa específico para cegos, como um leitor de voz. Imagine agora que não tem de pagar mais por isso, ou seja, o computador já inclui esse programa, mesmo que o utilizador não tenha incapacidade visual. Este é um produto inclusivo, ou o chamado produto com design inclusivo, um produto que, não sendo preciso modificar, está adaptado também às pessoas com necessidades especiais.
Um outro exemplo de design inclusivo é o que foi adaptado às moedas de euro. Os rebordos de cada uma das moedas são diferentes para que se pudessem distinguir visualmente mas também para que, aqueles que não o pudessem fazer, mais facilmente identificassem todas as moedas.
O primeiro Congresso de Design Inclusivo, organizado pela Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) termina hoje, em Lisboa, com um alerta dos especialistas para que se passe rapidamente à ação, a nível nacional.
Para Peter Colwell, técnico de acessibilidades da ACAPO, «o tempo da sensibilização já acabou, uma vez que toda a gente já percebeu que é necessário fazer este tipos de projetos». Colwell acredita que «as empresas também ganham porque assim conseguem vender os produtos e serviços a mais pessoas».
Nesta entrevista, o técnico Peter Colwell não tem dúvidas que, «apesar de Portugal ter melhorado, continua a não ser um país acessível», apontando Barcelona como a cidade europeia que mais desenvolvimentos fez nos últimos anos em torno do design inclusivo. «Quando a cidade precisou de ser inovada por causa dos Jogos Olímpicos [em 1992], aproveitaram as obras para iniciar o processo de introdução ao design inclusivo».
Este especialista considera que, no âmbito do design inclusivo, «os portugueses também têm os mesmos conhecimentos mas não têm tantas oportunidades para os por em prática por falta de interesse de quem toma decisões».
Peter Colwell afirma ainda que é usual de as decisões sejam tomadas «em função de si próprio e, se essa pessoa não tiver nenhuma incapacidade, também não vai criar nenhum sistema que responda às necessidades especiais de outros».
Inês Santos
In: TSF
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