Na Escola de Negócios e Administração (ENA) de Vila Nova de Gaia trabalha-se há cerca de três anos num projeto de "e-learning" que é já utilizado por mais de 140 mil crianças em todo o país.
Chama-se Escola Mágica e consiste num sítio de Internet em que professores e crianças podem organizar as próprias aulas de acordo com as suas competências e capacidades, num projeto que nasceu a partir da vontade de "tornar o ensino da matemática mais atrativo aos alunos portugueses" e que se encontra já em pleno processo de internacionalização, disse à Lusa Aguiar Falcão, diretor da ENA e mentor da iniciativa.
"Trabalho numa empresa, na qual fazemos estudos na área da estatística e pôs-se o problema de que as crianças portuguesas não gostam de matemática", explicou Aguiar Falcão, para concluir que se "as crianças portuguesas gostam de tecnologia", então nada o impedia de "inverter o silogismo" e pô-las a gostar da disciplina através do computador.
Foi assim dado o mote para o início do projeto que começou por ser criado apenas para "os alunos do primeiro e segundo anos do primeiro ciclo", tendo sido ensaiado em 40 escolas de dez concelhos que não foram escolhidos ao acaso.
Segundo Aguiar Falcão, a "reação foi boa" e, com a ajuda das autarquias, o projeto ganhou dimensão tal que foi lançado a nível nacional em setembro de 2011.
A Escola Mágica começou por ser implementada em escolas de Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Gaia, Vila Verde, Famalicão, Lamego e Coimbra, escolhidas pelas condições que reuniam para fazer parte do projeto que já atraiu as atenções de profissionais da educação em países como o Brasil, Angola, Holanda, Índia ou Nigéria.
O antigo professor universitário reclama ainda a necessidade de evolução do projeto, na medida em que deverá "alargar-se a outros públicos, como pais, professores e mais tarde instituições", para que façam também "parte do processo educativo".
Daí à internacionalização foi um passo, até porque a vontade de dar a conhecer a Escola Mágica ao mundo era grande e com a "recessão dos mercados, a ideia ganhou ainda mais força".
"Sentimos a necessidade de ir para fora até por duas razões muito simples: primeiro, porque o mercado português é muito limitado e segundo porque tem problemas financeiros", lamentou Aguiar Falcão, para concluir que a solução teria que passar pela "procura dos grande mercados da língua portuguesa como Angola ou o Brasil", declarou.
O projeto impressionou não só o Ministério da Educação português como o de países que, segundo o diretor da ENA, "sendo de terceiro mundo, dão cartas ao nível educativo", como a Índia, mas também os que "são considerados o topo das tecnologias de ensino, como a Holanda".
Com a atribuição do prémio ZON Multimédia, a Escola Mágica conseguiu dar mais um passo rumo ao reconhecimento nacional, dado que até "as grandes instituições começam a acreditar no projeto e agora querem contribuir para criar conteúdos de uma forma cívica", disse o diretor da ENA, para quem o principal objetivo da página educativa será "levar as crianças a ser cada vez mais competentes e a ter melhor formação cívica e pedagógica".
Ainda que precise de ser rentável para que possa manter-se em funcionamento, a "Escola Mágica não quer cingir-se pura e simplesmente a essa vertente comercial", mas sobretudo permitir "que os próprios professores e os alunos alimentem a ideia", confessa o coordenador do projeto.
O projeto Escola Mágica prepara agora uma versão atualizada ao nível da forma e dos conteúdos, com lançamento marcado para 10 de abril, mais um passo rumo à evolução do programa educativo que Aguiar Falcão espera ver aplicado ao ensino secundário e ao ensino de adultos.
In: Aula Magna
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