sexta-feira, 30 de abril de 2010

Oficina de Pais - Experiência Piloto


O amor dos pais é uma energia fantástica que deve ser investida de forma adequada. Desde o dia 10 de Abril, está em curso no ISPA a 1ª OFICINA DE PAIS, cujo objectivo é criar um Modelo de formação parental, a replicar em todo o país, a partir de 2011.

Parceria entre o ISPA e o Pais em Rede, com financiamento integral da Gulbenkian São 23 pais, representativos da rede nacional que, às 6ªs e Sábados reflectem e discutem com formadores (do ISPA, FMH e de outras áreas) a aquisição de competências necessárias a uma boa inclusão dos filhos portadores de deficiência (o quê?, como, quando e para quê). Sem os pais não existe uma real inclusão.

Num clima de alta motivação (6 fins-de-semana, muitos vêm de longe e ninguém falta) tem-se avançado na análise dos problemas vividos na solidão. O sofrimento e as frustrações interagem com a esperança e a vontade de tornar o filho feliz. É um processo pioneiro, um desafio apaixonante mas muito complexo – sem facilitismos nem simplificações falseadoras.

PREPAREM-SE, PAIS!

A partir de 2011 irão ter uma Oficina perto de vós, onde podem justificar a importância do vosso papel, desenvolver competências e aprender conteúdos para que a inclusão dos vossos filhos seja uma REALIDADE.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dança Inclusiva - umprojecto de vida


A arte como um meio de inclusão e participação de todos, particularmente pessoas com deficiência, em actividades sociais, pedagógicas e culturais é uma realidade emergente.
Daniela Forchetti, fundadora do Projecto Arteiros, em 2000 na cidade de S. Paulo - Brasil, trabalha na promoção da expressão corporal de pessoas com deficiências múltiplas e surdocegueira, veiculando um modelo contemporâneo no qual a dança se concretiza como um recurso de inclusão, valorizando a participação de todos e a aceitação das diferenças.
A Dança Inclusiva pretende, de forma mais específica, desenvolver a consciência corporal, a criatividade, a socialização, comunicação e autonomia dos participantes, que geralmente, são constituídos por grupos mistos (pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência), naturalmente organizados de acordo com as suas habilidades artísticas e não de acordo com a presença ou ausência de deficiência. O facto de o grupo ser misto possibilita um excelente momento de comunicação, partilha, aprendizagem e desenvolvimento.
Consideramos o projecto Dança Inclusiva um excelente exemplo de boas práticas no trilho da inclusão.
Saiba mais sobre a Dança Inclusiva:
http://www.inclusive.org.br/?p=14029
http://www.movimiento.org/

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A escola e as “dificuldades de aprendizagem”

Este texto, de Rui Canário, é uma versão adaptada da conferência proferida na Faculdade de Motricidade Humana (Universidade Técnica de Lisboa), no âmbito de um ciclo de conferências subordinado ao tema: “Educação inclusiva: estamos a fazer progressos?”.
O texto inicia da seguinte forma:
Nesta intervenção , tenho como objectivo apresentar a minha perspectiva pessoal sobre um problema enfrentado, e nunca bem resolvido, pelo ensino escolar regular, que consiste em proporcionar um adequado acolhimento a crianças que, pelas suas características visuais, auditivas, motoras ou mentais, apelam a cuidados e procedimentos especializados, justificando a existência daquilo que tem sido designado por ensino ou educação especial (com serviços e técnicos próprios).
Trata-se de um problema que diz respeito a todos os profissionais do ensino e da educação, com implicações directas na sua acção profissional. Apela, no entanto, a aprofundamentos teóricos e técnicos que eu não possuo e, portanto, a minha conferência é construída a partir do ponto de vista de um não especialista. Tive o privilégio de, ao longo do meu percurso profissional, ter percorrido praticamente todos os níveis de ensino, trabalhando com crianças, jovens e adultos e, naturalmente, confrontei-me com o problema, em relação ao qual vivi vários tipos de (enriquecedoras) experiências, quer pela positiva, quer pela negativa.
Texto completo aqui.

terça-feira, 27 de abril de 2010

BULLYING NAS ESCOLAS

"Desde o início dos estudos relativos à violência escolar e às relações entre alunos nas escolas, o fenómeno hoje aceite por bullying [termo de origem inglesa] (…) tem tido vários nomes em função quer do país dos investigadores, quer da própria abrangência do conceito e da evolução do mesmo. (…) Em Portugal, têm sido utilizados termos como "intimidação", "prepotência", "violência escolar entre pares", entre outros.
Importa no entanto aferir melhor acerca do que o conceito define e engloba, para compreendermos melhor o próprio fenómeno."

O Boletim do Centro de Estudos, Documentação e Informação sobre a Criança (InfoCEDI), do Intituto de Apoio à Criança, publicação de Março, é dedicado à problemática do bullying.
Para consultar, clicar aqui.

'Guia' ajuda professores a prevenir violência escolar

Investigação com 680 alunos ajuda a definir perfis de risco. Uma das autoras defende que docentes têm de saber resolver casos.
A prevenção da violência escolar passa pelo conhecimento dos perfis dos alunos que são agressores e vítimas, e é precisamente esta identificação que é feita no livro Violência Escolar e Saúde - Do Estabelecimento de Perfis de Alunos às Estratégias de Intervenção, que ontem foi apresentado em Lisboa. O objectivo "é estarmos mais sensíveis para os perfis de risco, logo no 1.º ciclo, e começarmos a trabalhar estes miúdos desde cedo", explica Sónia Seixas, uma das autoras.
O livro, que reflecte a investigação feita com 680 jovens do 3.º ciclo, pode ser utilizado como guia na identificação dos comportamentos de risco. Os autores chamam a atenção para a possibilidade de as crianças e jovens com dificuldade em fazer amigos, que se sentem mais tristes e sozinhos, poderem ser vítimas de violência. Do lado do agressor, os sinais de alerta podem ser os níveis de auto-estima e confiança elevados e uma grande popularidade junto dos colegas.
É a este tipo de atitudes que pais e professores devem estar atentos, adianta Sónia Seixas. A professora sublinha, no entanto, o papel do docente no combate a este fenómeno. "Quando os pais não conseguem resolver as situações cabe à escola dar essa resposta", diz.
Mesmo reconhecendo que o ideal é a presença de psicólogos na escola, Sónia Seixas admite que isso não é possível em todos os casos. É que por isso os docentes têm de estar atentos. "Os professores têm de ter formação para também saber resolver os problemas", defende.
E se um professor perceber no primeiro ano de escola que o aluno se está a comportar como um possível agressor, pode intervir de imediato. "Se os professores perceberem isso podem logo trabalhar precocemente para evitar essa evolução", exemplifica a investigadora.
A forma de resolver esses problemas é "educar para a saúde, para os valores e para a paz", indica a especialista em fenómenos de bullying. Até porque esta educação "pode ajudar as crianças no seu desenvolvimento", acrescenta.
Os peritos que elaboraram o livro sabem que os conflitos não vão deixar de existir nas escolas. Mas " tudo depende da forma como eles se resolvem e se educa para essa resolução", reforça Sónia Seixas. Para o sucesso desse trabalho é importante conhecer os perfis de risco. Neste caso, os três autores e professores - Sónia Seixas, Gustave-Nicolas Fischer e Joaquim Pinto Coelho - estudaram 680 alunos do 3.º ciclo, na zona da Grande Lisboa.
A aplicação de inquéritos permitiu concluir que tanto os alunos vitimizados como os agressores têm baixos níveis de desempenho académico. Os dois grupos mostram desinteresse pela escola, desmotivação e níveis mais elevados de absentismo, sublinha Sónia Seixas.
Outro factor que não é diferente entre os dois grupos é o da saúde física. "Apesar de haver mais alunos vitimizados a apresentar sintomas, como dores de barriga ou de cabeça, a diferença não é significativa", reconhece.
Porém os alunos agressores confessam ter um consumo mais elevado de bebidas alcoólicas.
Perante este cenário, os alunos observadores podem ter um papel fundamental. É importante "trabalhar com os observadores para que estes não ignorem os acontecimentos", alerta Sónia Seixas.

Café pode tratar crianças com hiperactividade


A ciência começa a reconhecer no café bebido com moderação um meio de prevenir doenças neuro-degenerativas, mas agora há quem queira testar as propriedades desta bebida para tratar crianças com hiperatividade e défice de atenção.

Um grupo criado em 2001 no Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra, que tem vindo a estudar o efeito da cafeína como normalizador do funcionamento do sistema nervoso central, tenciona iniciar em Outubro um estudo de natureza clínica nas denominadas doenças do humor, e com crianças.

A população alvo escolhida é de crianças entre os nove e os 14 anos que apresentem défice de atenção e hiperactividade, aos quais normalmente se associam problemas escolares.

Estes investigadores julgam ter já descoberto “o alvo molecular que é actuado pela cafeína, que é o receptor da adenosina A2A”, o que pode abrir caminho ao desenvolvimento de fármacos mais selectivos, capazes de tratar aquele que é considerado “o maior problema de saúde do mundo ocidental”.

Em cooperação com investigadores de Barcelona, Espanha, que possuem larga experiência na avaliação deste tipo de crianças, o grupo liderado por Rodrigo Cunha está apenas dependente da aprovação das comissões de ética para dar início a esta nova linha de estudo.O investigador explicou que serão administradas "cápsulas com uma libertação controlada de cafeína" para impedir ou diminuir a probabilidade de ocorrência de efeitos tóxicos nas crianças.

Testes em fases

Testes em voluntários não portadores da doença mostraram - segundo Rodrigo Cunha - que a administração dessa formulação “é inócua em termos de consequências para a saúde dos indivíduos”.

Dados recolhidos pelos investigadores em modelos animais “mostram a eficácia consistente da cafeína em défice de atenção e hiperactividade”.

“Queremos fazer com todo o cuidado a introdução desta nova ideia e testar a sua aplicabilidade e eficácia, e fá-lo-emos de modo faseado. Grupos crescentes de crianças serão incluídos para testar o benefício do consumo de pequenas doses de cafeína”, salientou.

Fármacos selectivos

Para Rodrigo Cunha, este tipo de estudos “abre portas para que se venha a desenvolver fármacos mais selectivos e mais potentes do que a própria cafeína, que com doses muito mais baixas imitem o que de bom faz a cafeína sem eventuais problemas associados à toxicidade pelo consumo excessivo”.

A escolha das crianças para se submeterem ao estudo teve em atenção o facto de não fazer parte dos seus hábitos o consumo da cafeína, e assim se poder conseguir um maior rigor científico nos resultados da aplicação de doses controladas de cafeína.

Doenças psiquiátricas

“Estamos ainda numa fase experimental, mas surpreendentemente muito promissora”, observou, frisando que da sua equipa fazem parte 15 investigadores que se dedicam a tempo inteiro a estudar os efeitos da cafeína no sistema nervoso central.

Há linhas de investigação paralelas “que evoluem mais em doenças do âmbito psiquiátrico e outras em doenças do âmbito neurológico, e o que é gratificante verificar é que os mecanismos subjacentes a estas acções normalizadoras parecem ser semelhantes nas várias patologias”, concluiu Rodrigo Cunha.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Aprender a lidar com birras e conflitos


"Ajudar a educar" é um projecto de formação destinado a famílias e que arranca este sábado, na Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto. Especialistas disponíveis para dar informações úteis.
Sete sessões, sete encontros de entrada livre que pretendem colocar famílias a analisarem e discutirem dúvidas, problemas, ansiedades, situações concretas. Um sábado por mês, de Abril a Novembro, vários especialistas das áreas da Pedopsiquiatria, Psicologia, Pediatria, Obstetrícia e Serviço Social conduzem as conversas, respondem a questões. Trata-se de um projecto de formação dirigido a famílias, baptizado de "Ajudar a educar", e resulta de uma parceria entre o serviço de Pediatria do Hospital de São João - enquadrado no "Projecto do Joãozinho" que promove o bem-estar da criança -, e a Associação CrescerSer. Este sábado, dia 24, a pedopsiquiatra Alda Mira Coelho aborda o desenvolvimento psico-afectivo da criança, as etapas do crescimento, a forma de lidar com as birras e os medos, na Junta de Freguesia do Bonfim, a partir das 14h30.
O projecto pretende fornecer informações úteis, e de forma gratuita, às famílias interessadas. "As relações afectivas precoces são essenciais para dar segurança interna à criança e ajudá-la a crescer. Sabemos como os factores familiares e modelos parentais são importantes para ajudar a crescer bem", adianta a organização do projecto.
Os encontros continuam a 29 de Maio, na Junta de Freguesia de Cedofeita, a partir das 14h30. As pediatras Vanessa Mendonça e Ana Maia, do Hospital de São João, concentram-se nos cuidados de saúde básicos, na prevenção de situações de risco, no desenvolvimento físico dos mais pequenos. Educação sexual e planeamento familiar é o assunto de 26 de Junho. Métodos contraceptivos, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis são alguns dos temas em análise na Junta de Freguesia de Aldoar, a partir das 14h30. Marina Moucho, obstetra do Hospital de São João, é a oradora convidada.
O projecto sabe do que fala. "Nem sempre é fácil nos dias de hoje educar. Há muitos factores de stress ou de perturbação, a nível social, familiar e escolar, que tornam difícil o papel dos pais", lê-se no boletim informativo. Alda Mira Coelho volta a entrar em cena para abordar o insucesso escolar e o comportamento de risco na adolescência. Como lidar com situações de agressividade e orientar casos de risco estão entre os temas a focar. A psicóloga Milice Ribeiro fala da comunicação intrafamiliar a 25 de Setembro na Junta de Freguesia de Ramalde, também a partir das 14h30. Como lidar com situações de conflito? Como salvar os laços nas famílias em ruptura? Questões que procuram respostas.
A 30 de Outubro, o projecto formativo debruça-se sobre o apoio para tratamentos nas áreas da toxicodependência e alcoolismo. "Equipamentos e apoios sociais" é o painel conduzido pela assistente social Etelvina Gonçalves, do Hospital de São João, na Junta de Freguesia de Paranhos, às 14h30. "Ajudar a educar" termina a 27 de Novembro na Junta de Freguesia de Campanhã. Crianças em risco ou institucionalizadas é o ponto de partida para analisar laços afectivos, situações de risco e reintegração familiar. A pedopsiquiatra Alda Mira Coelho orienta a conversa desse dia, a partir das 14h30.
Sara R. Oliveira

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Rastreio auditivo neonatal


O rastreio auditivo universal permite detectar eventuais perdas auditivas logo nos primeiros dias de vida do bebé.
Em muitas maternidades do nosso país, antes de terem alta, os recém-nascidos são submetidos a um teste de rastreio que permite detectar se há uma perda auditiva significativa. Porque precisam os recém-nascidos de serem rastreados?
A maioria dos bebés não tem problemas de audição, no entanto, um a três em cada 1000 recém-nascidos apresenta perda auditiva significativa, sendo mesmo a patologia mais comum presente no nascimento. Na ausência de rastreio auditivo neonatal, a maioria das crianças permanece sem diagnóstico até idades mais tardias. A idade média de diagnóstico da perda auditiva significativa por parte do médico assistente é de dois anos. Os pais raramente identificam o problema antes do primeiro aniversário da criança. Existem factores de risco que contribuem para a diminuição da audição, como a existência de infecções congénitas (rubéola ou toxoplasmose) ou um peso no nascimento inferior a 1500 gramas, entre outras. No entanto, se o rastreio fosse aplicado apenas a crianças com factores de risco, apenas seriam detectados 50% dos casos de surdez moderada a profunda, uma vez que 50% dos casos ficariam por detectar.
O rastreio auditivo universal permite detectar eventuais perdas auditivas logo nos primeiros dias de vida do bebé. Porque é que a audição é tão importante?
Ouvir é parte essencial da interacção do bebé com o mundo e com os outros. Se a audição estiver afectada, e se não for recebida intervenção adequada, provocará atrasos na aquisição da linguagem e discurso, bem como dificuldades socioemocionais. Por outro lado, muitos estudos demonstram que bebés com perda auditiva confirmada que recebam, até aos 6 meses, intervenção apropriada de profissionais credenciados e com experiência na área da audiologia pediátrica, obtêm bons resultados na aquisição de linguagem e comunicação. Tipos de surdez
Existem dois tipos de surdez:
- surdez de condução: nos casos em que existe um problema na estrutura do canal auditivo ou ouvido médio que impede a transmissão do som
- surdez neurossensorial: nos casos em que existe uma anomalia no ouvido interno ou no nervo que leva o som do ouvido até ao cérebro
Testes de rastreio
São dois os testes de rastreio que podem ser utilizados, ambos de execução rápida (5 a 10 minutos), não dolorosos e que podem ser efectuados enquanto o bebé dorme.
- Otoemissões acústicas (OEA): no qual é medida a onda de som produzida no ouvido médio. Um pequeno "auricular" é colocado no interior do canal auditivo do bebé, este vai medir a resposta (ecos) provocada por cliques e tons emitidos pelo aparelho.
- Potenciais evocados auditivos (PEA): no qual é avaliada a resposta do cérebro ao som. São colocados auriculares no bebé e emitidos cliques e tons para os seus ouvidos. Três eléctrodos colocados na cabeça do bebé avaliam a resposta do cérebro.
Qualquer um dos testes pode ser utilizado, ou ambos, mas habitualmente são utilizadas as OEA.
O que acontece se for detectada perda auditiva?
Todos os bebés com alterações detectadas no teste de rastreio são orientados para novo teste de rastreio que deve ser efectuado idealmente durante a segunda semana de vida para confirmação do resultado. A confirmação de défice auditivo no novo teste implica a orientação para uma consulta de otorrinolaringologia e também, se for necessário, para uma consulta de genética médica.
É extremamente importante que o processo de confirmação do diagnóstico de surdez esteja completo até aos 3 meses de idade e que a intervenção se inicie até aos seis meses. A avaliação e o seguimento de uma criança com perda auditiva deverá ser realizada por uma equipa multidisciplinar que inclua pediatras, otorrinolaringologistas, audiologistas, enfermeiros, terapeutas da fala, psicólogos e outros. Às crianças com perda auditiva, deverão ser disponibilizados todos os meios de ajuda técnica adequados e necessários à sua reabilitação, nomeadamente próteses auditivas e implantes cocleares.
Por fim, é importante não esquecer que todas as crianças, mesmo as que passam no rastreio auditivo, com ou sem factores de risco devem ser alvo de avaliação periódica da sua audição nas consultas de saúde infantil. Deste modo todos os profissionais de saúde devem estar alerta para sinais de alarme e conhecer as diferentes etapas que devem ser avaliadas a cada idade. Aos pais cabe comunicar qualquer alteração ou dúvida ao médico assistente.
Sempre que exista uma suspeita em relação à audição de uma criança, esta deve ser referenciada para avaliação.
O importante é não esquecer que quanto mais cedo... MELHOR!
Filipa Neiva, com a colaboração de Albina Silva e Almerinda Pereira, pediatras do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sistema de formação e de certificação em competências TIC em educação especial


A Portaria n.º 731/2009, de 7 de Julho, criou o sistema de formação e de certificação em competências TIC (tecnologias de informação e comunicação) para docentes proposto pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 137/2007, de 18 de Setembro.
O sistema de formação e de certificação em competências TIC deve estar disponível a todos os docentes em exercício de funções nos estabelecimentos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, independentemente dos grupos de recrutamento em que estejam integrados.
Nesse sentido, procede -se à alteração do anexo I da Portaria n.º 731/2009, de 7 de Julho, de forma a contemplar a educação especial no elenco de opções do curso de formação contínua obrigatório em ensino e aprendizagem com TIC.
A Portaria n.º 224/2010, vem aditar, ao elenco das opções do curso de formação contínua obrigatório «Ensino e aprendizagem com TIC», constante do n.º 2 do anexo I da Portaria n.º 731/2009, de 7 de Julho, a opção «Na educação especial», dirigida aos docentes que integrem esse grupo de recrutamento.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Dificuldades de Comportamento e Aprendizagem em Meio Escolar"



A Casa da Praia dinamiza regularmente Acções de Formação e Encontros no âmbito das problemática da criança e da família em risco. Nesta perspectiva, vai realizar mais uma Jornada de Formação com o tema - "Dificuldades de Comportamento e Aprendizagem em Meio Escolar", no próximo dia 8 de Maio, em Ponte de Lima, no Teatro Diogo Bernardes.
Panfleto e Ficha de Incrição
As queixas de comportamento e de adesão aos aprenderes escolares, continuam a constituir fonte de preocupação de todos os que trabalham com crianças e adolescentes. Debater o seu significado emocional, etiologia e intervenções possíveis, serão os objectivos da Jornada, dedicada essencialmente a Docentes, a Técnicos de Saúde Mental e de Educação Especial, a Médicos de Família, a Pedopsiquiatras, a Juristas e a outros técnicos que no seu quotidiano lidam com crianças e adolescentes em perigo.

domingo, 18 de abril de 2010

Hiperactividade pode ser sinónimo de depressão


As crianças deprimidas apresentam sintomas diferentes dos adultos: irritabilidade, falta de concentração e hiperactividade são comuns. A doença é por isso subdiagnosticada.
Uma criança demasiado irrequieta, com dificuldade em manter-se concentrada numa tarefa é facilmente apontada como hiperactiva. Mas a persistência destes sintomas podem também ser sinónimo de depressão. Uma doença ainda pouco diagnosticada em crianças portuguesas, mas que os médicos dizem estar a aumentar.
Os números internacionais apontam para que 2% das crianças até aos 12 anos e 8% dos adolescentes tenham episódios depressivos. Números que podem espelhar a realidade nacional. Mas a psicóloga Tatiana Pereira alerta para o facto de que possam haver mais crianças com esta doença, já que um estudo realizado em Espanha revela que 12% das crianças até aos 12 anos têm ou tiveram esta doença.
"A depressão na infância ainda não está categorizada e não é aceite por todos os clínicos", aponta Tatiana Pereira. Isto porque "esta patologia tem características muito diferentes nos adultos e nas crianças", acrescenta a psicóloga que trabalha numa escola.
Assim, entre os quatro e os 13 anos, "mais do que a tristeza, o que se nota é alguma irritabilidade, alterações no sono, no apetite e dificuldades de concentração", explica a pedopsiquiatra Margarida Crujo. A médica interna no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, sublinha, por isso, que no caso de sintomas como a irritabilidade representarem uma depressão, estes devem ser tratados nesse contexto e não isoladamente.
Também o excesso ou falta de energia, a perda ou aumento de peso e a agressividade são indicadores de depressão infantil, lembra Tatiana Pereira. Além das crianças e adolescentes, esta é uma perturbação que pode afectar também bebés a partir dos seis meses.
Nos bebés pode ser mais difícil identificar um comportamento depressivo. No entanto, o pediatra Gomes Pedro considera que basta o médico estar atento a sinais de alheamento, choro, recusa em comer e alterações no sono. "Se o bebé não estiver bem na sua pele, isso nota-se", defende o clínico.
Se os sintomas são diferentes, o tratamento também é diferente para esta população mais nova. Os antidepressivos são quase excluídos e a terapia e apoio psicológico assumem o papel principal para ultrapassar a depressão. "A cura desta doença passa por um bom mediador, que não se centre apenas na criança, mas também na família", justifica Tatiana Pereira.
A mesma opinião é defendida pela pedopsiquiatra Margarida Crujo. "Só em casos mais graves, em que há riscos grandes para a criança e família e que precisam de uma intervenção mais rápida, é que se usam medicamentos", acrescenta.
Mesmo assim, isso só se aplica a adolescentes. Por outro lado, não usar antidepressivos ajuda a "mostrar à criança que ela tem força para ultrapassar estas situações sem uso de medicamentos", refere Tatiana Pereira.
"O sentimento clínico que temos é que a depressão infantil está a aumentar", admite o pediatra Gomes Pedro. Um fenómeno que se deve "às situações de stress, de desemprego, trabalho precário, que os pais enfrentam e que as crianças absorvem", aponta o médico. No mesmo sentido, Tatiana Pereira admite que "o contexto leva a que haja mais depressão".
Mas os especialistas alertam ainda para o facto de uma depressão não ter apenas uma causa directa. Existindo, contudo, factores agudos que podem levar a estados depressivos.
Ainda que os factores exteriores e sociais desempenhem um papel importante no desenvolvimento de uma depressão, também a genética é importante. E é importante não só na predisposição para sofrer uma depressão mas também para determinar a sua cura.
Mas, mesmo depois de curada, esta patologia pode deixar marcas. "Depois de uma depressão, a criança pode nunca ter uma auto-estima adequada, um baixo rendimento na escola ou alterações na sua personalidade", esclarece Margarida Crujo.
A pedopsiquiatra frisa ainda que uma depressão em idades precoces pode determinar outras doenças na idade adulta, bem como outros episódios depressivos ao longo da vida.

Microsoft vai lançar manual de acessibilidade para professores


A Microsoft vai lançar um guia para professores e educadores aprenderem a adaptar os computadores para crianças com necessidades especiais de acessibilidade. O manual foi apresentado ontem, no Encontro Nacional das Associações de Pais, em Évora.
Muitas destas funcionalidades já estão presentes no sistema operativo Windows, lembrou a responsável pela área da educação na empresa, Adelaide Franco, mas muitas pessoas não as conhecem. O manual, que já foi lançado nos EUA há algumas semanas, foi adaptado e estará disponível por download, mas a Microsoft vai também discutir com o Ministério da Educação outras possibilidades de distribuição.
A Microsoft tem ainda quase concluído um jogo didáctico desenvolvido em parceria com a associação Diferenças, especializada em crianças com necessidades educativas especiais. "A tecnologia dos jogos é um dos meios mais eficazes [na aprendizagem]", explicou Miguel Sales Dias, também da Microsoft.
Em parceria com outras empresas e com as Universidades do Porto e de Aveiro, a Microsoft está ainda a desenvolver tecnologia para facilitar o uso de computadores por pessoas com problemas de mobilidade, por idosos e por crianças. A iniciativa, chamada Living Usability Lab, integra soluções de reconhecimento de fala - "estamos a fazer as primeiras experiências de português falado para interagir com o Twitter", refere o responsável - e de gestos. Outro dos objectivos é a monitorização da localização e dos sinais vitais das pessoas dentro de casa e até a criação de um assistente pessoal digital. Os primeiros protótipos devem estar prontos "em Junho ou Julho".

sábado, 17 de abril de 2010

Amor doentio leva pais a perder guarda dos filhos


Protecção excessiva de crianças é forma de maus tratos e pode chegar a tribunal. Em Portugal, a primeira opção é o apoio psicológico
A mãe de Luís (nome fictício) não o deixava ir à escola nem sair de casa. Mas aos nove anos tinha conhecimentos avançados de física e matemática. A mãe queria que o filho fosse médico muito cedo. "Ela queria que ele fosse um génio para receber o Prémio Nobel", recorda Dulce Rocha, presidente executiva do Instituto de Apoio à Criança (IAC).
Em Portugal, casos de excesso de protecção como este podem levar, no máximo, a que os pais percam a guarda da criança. Mas nunca ninguém foi condenado em tribunal por este motivo, como aconteceu em Itália, onde um juiz sentenciou uma mãe a três anos de prisão por ter desenvolvido um amor doentio pelo filho.
Aos sete anos, a criança mal sabia andar, porque a mãe e os avós maternos a levavam ao colo para todo o lado com medo que ela caísse. Hoje, com 13 anos, o rapaz não sabe correr e até subir escadas é uma tarefa que faz a custo. Apesar de ser o melhor aluno da turma, na escola não se relaciona com os colegas, não come nada que não seja cozinhado pela mãe ou pela avó e nem consegue fazer chichi sozinho.
Os juízes não tiveram dúvidas: este amor extremo é uma forma de maus tratos. Por isso, condenaram a mãe a três anos de prisão, o avô a três anos e meio e a avó a dois anos. É um caso inédito em Itália e, por cá, os especialistas também não conhecem nenhum semelhante.
"Quando as pessoas são divorciadas, o excesso de zelo pode ser motivo para mudar a guarda", explica o advogado, especialista em direito da família, Helder Ferreira. Já António Fialho, juiz no Tribunal de Família e Menores do Barreiro, considera que em alguns casos pode haver relevância criminal e uma condenação por maus tratos. Porém, o juiz também prefere uma intervenção psicológica, porque, "quando uma mãe ou pai protegem de tal forma que influenciam o desenvolvimento da criança, isso está relacionado com uma perturbação dos pais".
Assim, a medida mais frequente é a intervenção psicológica junto da família. "A hiperprotecção não justifica uma separação da criança", defende o pedopsiquiatra Emílio Salgueiro. O presidente do colégio da especialidade da Ordem dos Médicos diz que a solução está "numa intervenção com a mãe, o pais e os familiares que lidam com a criança".
Também Dulce Rocha, ex-magistrada do Ministério Público, acredita que "seria uma violência para a criança ser separada da única família que conhece". Se o superior interesse da criança determinaria à partida o afastamento de quem a protege em demasia, essa decisão pode ser ainda mais prejudicial para o seu desenvolvimento, por esta ser a única família que conhece, acrescenta a responsável do IAC.
A mãe portuguesa que queria que o filho realizasse os seus sonhos e fosse médico não perdeu a sua guarda, mas teve apoio psicológico e a criança acabou por se conseguir integrar numa turma com meninos da mesma idade.
Quanto ao caso italiano, a solução parece mais difícil. O pai, que pôs a acção em tribunal, viu o filho três vezes e às escondidas desde que saiu de casa. Por isso, não existe entre eles uma relação e a criança até disse em tribunal que odiava o pai, por ele o querer afastar da única família que conhece.
Apesar da forte protecção da mãe e dos avós, o menino de Ferrara (Norte de Itália) é o melhor aluno da sua turma. Mas a pedopsiquiatra Luísa Vicente alerta que isso não significa um crescimento saudável. "As crianças podem a desenvolver uma psicose".

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cientistas descobrem organização de dicionário do cérebro

Está aberto o caminho para tratar doenças como o autismo. Cientistas da Universidade de Carnegie Mellon (Estados Unidos), parceira de nove instituições portuguesas, descobriram «como está organizado o dicionário do cérebro», de acordo com investigadores citados pela Lusa.
O trabalho foi desenvolvido pelos neurocientistas Marcel Just e Vladimir Cherkassky e os cientistas informáticos Tom Mitchell e Sandesh Aryal, da Universidade de Carnegie Mellon. Nesta Universidade trabalha desde Janeiro o português Jaime Cardoso, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Esta investigação determinou como é que o cérebro organiza representações de substantivos, combinando imagens cerebrais e técnicas de aprendizagem mecânica. «Descobrimos como é que o dicionário do cérebro está organizado», explica Marcel Just, professor de Psicologia, num comunicado do programa Carnegie Mellon Portugal.
Just acrescenta que o cérebro não faz apenas uma «ordem alfabética ou segundo cores e tamanhos»: «Fá-lo através de três características básicas», explica. Os três códigos ou características são a relação física com o objecto, associação com o acto de comer e ideia de abrigo, explica o comunicado.
Estes factores, cada um deles codificado entre três a cinco áreas diferentes do cérebro, foram descobertos através de um algoritmo, que procurou pontos comuns entre as áreas cerebrais dos participantes, que respondiam a 60 substantivos sobre objectos físicos.
A palavra «apartamento», por exemplo, provocou alta activação nas cinco áreas que codificam palavras relacionadas com «abrigo». Os investigadores conseguiram ainda prever onde se daria a activação cerebral mediante um substantivo apresentado aos participantes e que o significado dos substantivos é codificado de forma similar entre os participantes.
Os significados de certos conceitos estão, por vezes, distorcidos nas doenças psiquiátricas e neurológicas. Estas novas técnicas podem, por isso, permitir a medição dessas alterações e contrariá-las, como no caso de um autista, que pode ter uma codificação mais fraca na área do contacto social. «Nós ensinamos a mente, mas estamos a moldar o cérebro, e agora podemos testar o cérebro sobre o quão bem aprendeu um conceito», conclui Marcel Just.
A experiência integra o Programa Carnegie Mellon Portugal, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e iniciado em Outubro de 2006, no âmbito do programa de intercâmbio de professores. A iniciativa abrange mais de 160 estudantes portugueses e estrangeiros de mestrado profissional e de doutoramento, incluindo 10 projectos de investigação.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Inclusão como Direito Humano

A Inclusão como Direito Humano. É este o tema de uma conferência que o professor da Universidade de Ghent, Geert Van Hove, vai dar dia 15 de Abril na Universidade de Aveiro, no âmbito do Mestrado em Ciências da Educação do Departamento de Ciências da Educação.
A conferência é aberta a todos os interessados e tem início às 16h00, no Anfiteatro do Departamento de Engenharia Mecânica.
Geert Van Hove, Doutorado em Ciências da Educação, é professor na Universidade de Ghent, Departamento de Educação Especial, e investigador na área de Estudos sobre Deficiência e Educação Inclusiva.
É director do Centro de Formação da Universidade de Ghent para adultos com deficiência (objectivando a preparação de jovens adultos para o mercado de trabalho regular).
Trabalha em estreita cooperação com a associação “Parents for Inclusion” (Pais para a Inclusão).
Coopera com o movimento de luta pelos direitos de pessoas com deficiência intelectual na parte flamenga da Bélgica.
Coordena o Centro Flamengo Especializado sobre “Estudar no Ensino Superior sendo portador de uma Deficiência”, envolvendo também a União Europeia e o Canadá.
Em 2010-2011, com bolsa de investigação do Ministério Flamengo para a Igualdade de Oportunidades, encontra-se a desenvolver um estudo sobre a participação de pessoas com deficiências intelectuais nas discussões e decisões políticas.
Contactos:
Rosa Maria Gomes (Mestre em CEC)
E-mail: rosa.gomes@ua.pt
Telef: +351 234 3 70622 Ext: 24202
http://www.ua.pt/dce/

Comunicação Aumentativa e Alternativa

A APEE Autismo em parceria com a editora Kalandraka estão a divulgar os livros da colecção Makakinhos para leitores com Necessidades Educativas Especiais.
Para promover a divulgação dos livros no proximo dia 17 de Abril a APEE Autismo vai realizar uma apresentação dos mesmos. Conjuntamente irá decorrer uma apresentação sobre Comunicação Aumentativa Alternativa que tera como oradora a Dra. Vania Peixoto - Terapeuta da Fala e Orientadora de Estagios na Universidade Fernando Pessoa.
Este evento irá realizar-se no dia 17 de Abril, às 15h00, no auditorio da Ordem dos Enfermeiros - Secção Regional do Norte, na Rua Latino Coelho nº 352.
Podem efectuar as inscrições através do endereço da associação –apeeautismo@gmail.com

Alunos com Necessidades Educativas Especiais: problemas detectados no Secundário


Há alunos com necessidades educativas especiais que transitam de ciclo sem diagnóstico e o devido acompanhamento. Intervenção com sucesso pode assim ficar comprometida.
Uma professora do Ensino Secundário confessava que tinha um aluno com dislexia, sem qualquer indicação anterior referente a esse problema. O assunto conduziu a um debate acerca dos diagnósticos que são feitos tardiamente e sobre a falta de recursos para estudantes mais velhos e com necessidades educativas especiais. A lei entretanto sofreu alterações e a comunidade educativa não quer fechar os olhos a uma realidade que tem as suas especificidades.
Graça Oliveira, coordenadora de educação especial num agrupamento escolar, adianta que ainda hoje é bastante comum confundirem-se dificuldades de aprendizagem e necessidades educativas especiais. Não se compreendem as diferenças, torna-se difícil estabelecer fronteiras. Um aluno com necessidades educativas especiais tem de passar por uma avaliação pedagógica e por outras etapas que envolvem o olhar atento de vários técnicos. A responsável lembra, por outro lado, que o decreto-lei da educação especial sofreu mudanças que, sublinha, "vieram a filtrar muito mais os casos" que seguem para esse tipo de ensino. "Reduziu ainda mais os casos elegíveis para a educação especial", concretiza. E exemplifica: "Os casos de dislexia e hiperactividade só são elegíveis para a educação especial quando são mesmo muito graves".
Mesmo assim, não se compreende a chegada de um aluno com dislexia ao Secundário sem o respectivo diagnóstico, depois de ter passado por vários professores e níveis de ensino. "Até porque os casos de dislexia já estão muito divulgados." No entanto, convém lembrar que há vários "graus deste tipo de problema". Há uns mais detectáveis do que outros. Graça Oliveira refere ainda que "há rótulos que, de todo, se pretendem evitar para permitir a inclusão plena no ensino regular".
"Quando o aluno tem outros tipos de dificuldades, a escola tem de lhe arranjar outras ajudas, que não a educação especial, para colmatar esses problemas e para que avance no seu percurso educativo", sustenta a coordenadora. E os alunos têm condições especiais, consoante as suas dificuldades, nomeadamente mais tempo para realizar uma prova. Seja como for, as dificuldades devem estar previstas no programa educativo individual de cada estudante.
"Os professores não estão preparados para proceder a esse tipo de diagnóstico de necessidades educativas especiais", afirma a psicóloga Paula Monteiro, que acompanha pais na resolução de variadas problemáticas. E, por vezes, há situações que se confundem e os problemas são atribuídos à falta de estudo, à falta de organização dos estudantes. E como não há uma devida preparação, há casos que transitam de ciclo sem o devido acompanhamento e crianças que ficam com a auto-estima fragilizada. Segundo Paula Monteiro, as intervenções com sucesso podem mesmo ficar comprometidas.
Em seu entender, os pais deviam estar mais informados e, por consequência, em alerta sobre as questões das necessidades educativas especiais. E, além disso, deveria bater-se à porta dos psicólogos quando fosse detectado um problema. Sempre que a situação o justificasse. "A própria organização mental dos rapazes e das raparigas é diferente. A maioria dos professores são mulheres que explicam mais em texto do que em esquemas". As meninas percebem melhor quando as explicações são dadas em texto e os meninos em esquemas.
O modelo de abordagem da criança, o seu desenvolvimento e dimensão escolar do decreto-lei referente à educação especial são mais complexos do que à primeira vista possa parecer. E exige uma leitura em várias dimensões, que não apenas a escolar e a educativa. Catarina Agante, psicóloga do serviço de Psicologia e Orientação do Agrupamento de Miragaia, ficou satisfeita quando verificou que o conceito de deficiência quase desapareceu por completo desse documento, sendo substituído pelas várias dimensões de funcionalidade do ser humano. "Essa leitura pareceu-me muito próxima da forma como a criança deverá ser vista em contexto escolar, pois a soma das partes é sempre diferente do somatório das mesmas."
A vertente médica e os instrumentos de classificação entraram em campo e os técnicos que fazem a intervenção têm de estar preparados. No entanto, Catarina Agante considera que há aspectos que não tiveram a devida atenção. "Parece-me que neste evoluir da aplicação de um novo modelo, começamos a verificar que há realmente situações que não foram consideradas de forma adequada." As perturbações específicas de aprendizagem da leitura estão, em seu entender, nessa lista.
Na sua opinião, essa é apenas uma das situações que ficaram esquecidas pela linha de avaliação imposta. "E que obriga a que haja afectação de mais do que uma das áreas de funcionalidade da criança e ou adolescente." Uma afectação que terá de ser grave para que possa preencher os critérios de elegibilidade. "Assim sendo, a dislexia, afectando essencialmente e de forma mais evidente a capacidade de escrita, à luz desta grelha não será considerada", repara. "Não pela falta de instrumentos de avaliação, de recursos humanos, técnicos ou outros, apenas porque a grelha de leitura é fina e define critérios de integração e exclusão", acrescenta.
Catarina Agante defende que cada caso deve ser tratado na sua essência, sem modelos comparativos, porque, na sua visão, "o desenvolvimento não é comparável - apenas teremos de ter referências sistemáticas a questões normativas". Apesar de tudo, não é comum detectar dislexia já depois do 3.º ciclo. "O Ensino Secundário é mais um dos graus de ensino em que esta nova grelha deixou algumas situações excluídas, que deverão ser reportadas aos técnicos para que, com rigor, haja a aplicação de instrumentos de adequação pedagógica que contemplem processos e programas educativos", refere.
Sara R. Oliveira

terça-feira, 13 de abril de 2010

Respostas na Área da Deficiência no âmbito da Educação, Formação e Emprego

A Rede Incluir, através do seu Sub-grupo de Trabalho Escola - Comunidade - Vida Activa promove uma acção de informação denominada "Respostas na Área da Deficiência no âmbito da Educação, Formação e Emprego".
Esta acção tem como principais objectivos a divulgação das respostas inclusivas e recursos disponíveis na Comunidade e o estabelecimento de laços de comunicação entre Escolas, Centros de Reabilitação e Centro de Emprego.
Trata-se de uma sessão informativa gratuita que decorrerá no dia 21 de Abril, no Auditório da Escola Terras de Larus, na Cruz de Pau, entre as 16:30h e as 19:00h.
As inscrições decorrem até ao dia 15 de Abril. Para participar basta enviar os seus dados para o e-mail:silvia.ribeiro.cercisa@gmail.com
Mais informações em http://www.crticseixal.webnode.com/

domingo, 11 de abril de 2010

Descoberto gene associado à surdez infantil hereditária



Uma nova falha genética, que pode ser responsável por casos de surdez hereditária, foi descoberta por investigadores holandeses.
Segundo o estudo publicado no American Journal of Human Genetics, esta descoberta poderá permitir aos pais, com aquela condição hereditária, prever com maior exactidão a probabilidade de a transmitirem aos filhos.
De acordo com os autores, a longo prazo poderá também contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos.
Uma em cada 750 crianças nasce com perda auditiva grave ou surdez profunda. O gene em questão, designado por PTPRQ, parece desempenhar um papel importante no desenvolvimento das células capilares do ouvido interno durante a gestação.
A falha genética agora identificada impede a formação adequada ou em número suficiente destas células, o que conduz a surdez profunda ou a capacidade auditiva extremamente reduzida.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Projectos de vida em suspenso

Jovens e adultos com deficiência congénita ou adquirida encontram obstáculos à inserção ou regresso ao mercado de trabalho. O apoio a essa transição surge de instituições que constroem planos de acompanhamento individual.
Os números denunciam a realidade. A percentagem dos jovens com deficiências que frequentaram os cursos de formação profissional no Centro de Reabilitação Profissional de Gaia (CRPG), em Vila Nova de Gaia, e encontraram uma porta aberta no mercado de trabalho, tem vindo a diminuir. Em 2007, foram "absorvidos" 69% dos jovens, um ano depois 61% e no ano passado a percentagem caiu para 43%. As empresas disponíveis para receber trabalhadores com limitações são cada vez mais micro e a crise também ajuda a explicar a queda da receptividade por parte dos empregadores.
Jerónimo Sousa, director do CRPG, esclarece que há duas realidades distintas a que a instituição de Vila Nova de Gaia presta atenção e dá apoio. Utentes com deficiências congénitas, que precisam de ajuda na transição da escola para a vida activa; e utentes com deficiência adquirida por acidente ou doença que, de repente, interromperam o seu percurso profissional. "A integração e a reintegração não são tarefas fáceis", refere. E há estudos desenvolvidos que demonstram que, em Portugal, os mais jovens que padecem de uma deficiência encontram menos dificuldades em entrar no mundo laboral dos que adquiriram uma deficiência ao longo da vida e foram obrigados a interromperem a sua carreira por acidente ou doença.
O CRPG tem um conjunto de respostas diversificadas para a integração socioprofissional do público-alvo com quem trabalha. Jerónimo Sousa lembra, no entanto, que ainda hoje a cultura nacional tende a colocar o doente num canto, de lado. A entrada no mercado de trabalho esbarra, portanto, com alguns problemas. "Ainda há o preconceito de que a deficiência significa menos valor", comenta. E há ainda as dificuldades de mobilidade que podem condicionar a decisão dos empresários. Há, por isso, várias dificuldades para contornar.
O CRPG, fundado em 1992, tem várias respostas para pessoas com necessidades especiais. O centro de recursos para a inclusão tem as portas abertas para jovens com deficiência que pretendam transitar da escola para a vida activa. Fazem-se planos individuais, desenvolvem-se competências pessoais e profissionais, mobilizam-se empregadores, dá-se apoio à participação social e vida autónoma. A reabilitação profissional, por outro lado, destina-se a vítimas de acidentes de trabalho, doenças profissionais ou crónicas. Em todo o processo há um acompanhamento individualizado para recuperar, desenvolver e optimizar as capacidades funcionais. As necessidades específicas de cada um são tidas em conta e o projecto individual de reabilitação é também definido com as entidades empregadoras. Para que haja ajustes às necessidades e expectativas.
Quando um projecto profissional é interrompido por um acidente de trabalho ou doença profissional, o CRPG tenta garantir a continuidade da carreira através de uma intervenção organizada. Nesse sentido, identificam-se necessidades de intervenção, elabora-se um plano de trabalho, desenvolvem-se competências para tentar regressar ao mercado de trabalho.
Fisioterapia, terapia da fala, terapia ocupacional, intervenção psicológica e avaliação físico-funcional integram a parte de uma intervenção complementar que pretende recuperar e desenvolver capacidades funcionais. O CRPG trabalha ainda a reabilitação neuropsicológica para pessoas afectadas por lesão cerebral adquirida, na tentativa de recuperar capacidades perdidas. Um processo que inclui a intervenção psicológica e treino cognitivo, entre outras etapas.
Há 29 anos que o Centro de Educação e Formação Profissional Integrada, no Porto, que nasceu de um protocolo entre o Instituto de Emprego e Formação Profissional e o Movimento de Apoio ao Diminuído Intelectual, dá resposta na área da formação e emprego a pessoas com necessidades especiais. A integração social e profissional, a interacção com as famílias e ligação ao tecido empresarial e à comunidade têm sido vectores importantes na sua acção.
Olga Figueiredo, directora do centro, adianta que a realidade tem as suas barreiras. "Temos vindo a sentir uma maior dificuldade de integração no mercado de trabalho". O cenário mudou nos últimos anos. A responsável atribui essa situação ao ambiente de crise que se vive. As empresas estão a empregar menos gente e "as pessoas com deficiência são mais vulneráveis". Neste momento, a instituição tem cerca de 150 pessoas com deficiência na formação profissional e nem todos encontrarão lugar no mundo laboral.
O trabalho é pensado ao pormenor e a instituição procura ajudar pessoas com deficiências a construírem o seu projecto de vida, através da descoberta de competências e motivações pessoais, com os olhos postos numa futura realização pessoal e profissional. Na unidade de avaliação e orientação profissional, identificam-se motivações e interesses, definem-se as áreas a desenvolver e tomam-se decisões quanto ao percurso formativo. Por ano, cerca de 300 pessoas recorrem a este serviço.
Depois da avaliação inicial, há um estágio de avaliação e orientação profissional. A entrada no mercado de trabalho pode ser um processo bastante complicado e o Centro de Educação e Formação Profissional Integrada tem uma unidade de formação para preparar quem sonha ter um emprego ou iniciar uma ocupação. Uma equipa de técnicos ajuda os formandos a deixarem vir ao de cima o melhor que têm para dar. Melhorar as capacidades de adaptação às exigências e características do mundo do trabalho é um dos grandes objectivos.
Este centro tem ainda um enclave de produção que assegura o exercício de uma actividade remunerada, num ambiente de emprego protegido, a pessoas com deficiência intelectual. Construção e manutenção de jardins, embalagem e montagem de diversos produtos e confecção e distribuição de pão e produtos de pastelaria são as actividades possíveis para facilitar a transição para o mercado de trabalho. A autonomia pessoal e social também ganha com esta experiência. Há várias portas que se podem abrir: no mercado de trabalho, na formação profissional, nos centros de reabilitação.
Sara R. Oliveira

Conteúdos da educação sexual vão da noção do corpo à gravidez e aborto

Do primeiro ao quarto ano do primeiro ciclo, os conteúdos passam pela noção do corpo e da família, entre outras. Nestes anos serão abordadas questões relacionadas com “a protecção do corpo e noção dos limites, dizendo não às aproximações abusivas”. No segundo ano, “além das rubricas incluídas nos programas de meio físico, o professor deve esclarecer os alunos sobre questões e dúvidas que surjam naturalmente, respondendo de forma simples e clara”.
Para os alunos dos terceiro e quarto ano, “o professor poderá desenvolver temas que levem os alunos a compreender a necessidade de proteger o próprio corpo, de se defender de eventuais aproximações abusivas, aconselhando que, caso se deparem com dúvidas ou problemas de identidade de género, se sintam no direito de pedir ajuda às pessoas em quem confiam na família ou na escola”.
Em relação ao segundo ciclo - quinto e sexto anos - estão previstas abordagens da puberdade (aspectos biológicos e emocionais), do corpo em transformação, da sexualidade e género ou da prevenção dos maus tratos e das aproximações abusivas, entre outras.
O terceiro ciclo - do sétimo ao nono ano - contemplará áreas como a “dimensão ética da sexualidade humana”, a “compreensão da sexualidade como uma das componentes mais sensíveis da pessoa, no contexto de um projecto de vida que integre valores e uma dimensão ética”. A “compreensão da fisiologia geral da reprodução humana”, do “uso e acessibilidade dos métodos contraceptivos e, sumariamente, dos seus mecanismos de acção e tolerância (efeitos secundários)” são temas igualmente a abordar.
“Saber como se protege o seu próprio corpo, prevenindo a violência e o abuso físico e sexual e comportamentos sexuais de risco, dizendo não a pressões emocionais e sexuais” e “o conhecimento das taxas e tendências de maternidade e da paternidade na adolescência e compreensão do respectivo significado” constam igualmente dos conteúdos. Está também previsto o “conhecimento das taxas e tendências das interrupções voluntárias de gravidez, suas sequelas e respectivo significado”. (...)

Portaria regulamentar da Educação Sexual nas escolas

Foi publicada a Portaria n.º 196-A/2010 que regulamenta a Lei n.º 60/2009 e estabelece a educação sexual nos estabelecimentos do ensino básico e do ensino secundário e define as respectivas orientações curriculares adequadas para os diferentes níveis de ensino.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Crescer...


Mais um número da Revista Diversidades foi publicado com o título "A Crescer...". Do editorial, retirei o seguinte extrato.
O desafio da Intervenção Precoce fundamenta-se na certeza de que respostas específicas atempadas são determinantes ao nível dos resultados a alcançar.
Centrada na primeira infância, cenário de possibilidades e etapa altamente caracterizada pela influência do meio envolvente, a Intervenção Precoce lança as sementes para o desenvolvimento harmonioso, através do empenho e trabalho holístico, na congregação de saberes, práticas e experiências, colocados ao serviço das famílias e das crianças.
A eleição das famílias, como eixo central de intervenção, assenta no exercício constante da dialéctica entre os contextos de vida de que são protagonistas, enquanto detentores de direitos e expectativas, aliado aos paradigmas que lhes são oferecidos, susceptíveis de reorientar e promover as suas competências parentais, conducentes ao envolvimento e participação, com os diferentes intervenientes, nas tomadas de decisão e estratégias a implementar.
Estamos convictos de que só através de um trabalho alicerçado em redes de apoio, inerente à construção dos alicerces da verdadeira igualdade de oportunidades, conseguiremos encontrar melhores respostas para ajudar, o mais precocemente possível, a edificar e a reconstruir capacidades, relações de confiança, afectos e responsabilidades, precursores de projectos de vida condignos e inclusivos.
E… porque crescer supõe deixar-se surpreender e deixar que nos surpreendam, aqui fica o repto para que as nossas acções deixem espaço e revigorem as intenções das crianças e das famílias que anseiam por horizontes de realização individual e comunitária
.

Eis alguns títulos dos artigos:

Abordagem Centrada na Família em Intervenção Precoce: Perspectivas Histórica, Conceptual e Empírica
O Modelo de Intervenção Centrado na Família: Da Teoria à Prática
Educação de Infância em Contextos Inclusivos: Uma Experiência
Projecto Crescendo... Resenha Histórica
Intervenção Precoce na DREER: Um Projecto de Investigação-Acção
ANIP: Instituição de Referência na Intervenção Precoce
Clinisapatos
... Um caso de Sucesso!

Para aceder à revista, aqui.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Doenças mentais podem desenvolver criatividade


“De génio e de louco todos temos um pouco”, diz o ditado popular. A verdade é que é rotina diagnosticar doenças mentais aos génios criativos que fizeram História.

Esquizofrenia e outras psicoses são as doenças mais citadas. Newton e Einstein são dois dos exemplos mais famosos. O nosso Fernando Pessoa também consta da lista e Vincent van Gogh e Virginia Woolf foram associados à desordem bipolar.

A loucura faz parte de muitas obras de arte e pode mesmo ajudar a desenvolver a criatividade.

Os psiquiatras olham para a saúde mental como um espectro − uma doença grave numa ponta e a normalidade na outra. Talvez aqueles que estão no meio possam ter tendências criativas mais desenvolvidas.

Cérebro lado a lado

A dominância do hemisfério direito ou esquerdo do cérebro pode ser uma pista. Há aliás uma parte da Psicologia que suspeita que existem “pessoas do lado direito” e “pessoas do lado esquerdo”. É certo que é aceite que o lado esquerdo está relacionado com a linguagem e análise lógica, enquanto o direito é está mais ligado ao pensamento criativo.

Vários métodos para o estudo desta teoria mostraram que as pessoas com esquizofrenia têm maior actividade do lado direito do cérebro.

Há ainda a evidência genética relacionada com a proteína chamada neuregulin1, envolvida no desenvolvimento do cérebro no útero.

Mutações genéticas

Jeremy Hall, da Universidade de Edimburgo, Reino Unido, descobriu que uma mutação no gene que codifica a proteína está relacionada com um maior risco de esquizofrenia.
No ano passado, Szabolcs Kéri, da Universidade de Semmelweis, na Hungria, chegou à conclusão de que as pessoas com duas cópias da mutação obtinham pontuações maiores num teste de criatividade do que as pessoas com apenas uma cópia.

O estudo, publicado na Psychological Science, averiguou ainda que os portadores de apenas uma mutação tinham pontuações mais elevadas do que as pessoas sem a mutação.

Kéri afirma que a mutação pode cortar a actividade no córtex pré-frontal do cérebro, atenuando o humor e as emoções.

Isto pode desenvolver a criatividade nuns e ilusões psicóticas noutros − com a inteligência a poder influenciar o resultado.

Contudo, Hall afirma que ainda há muito trabalho a desenvolver. "A evidência de uma ligação entre a criatividade e desordens mentais tem sido especulada há muito tempo, mas raramente foi provada."

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ecrã em Braille totalmente actualizável está a ser desenvolvido nos EUA


Ler um e-mail ou aceder a uma página de internet são tarefas que, ainda hoje, implicam um grande nível de dificuldade para utilizadores invisuais, na medida em que os sistemas capazes de converter textos ou páginas da internet em Braille só possibilitam a leitura de linha a linha, para além de serem muito caros.

Contudo, uma equipa de investigadores liderada por Neil Di Spigna, da Universidade do Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, está a desenvolver um ecrã em Braille totalmente actualizável que permite às pessoas invisuais tirarem proveito total da Web ou de qualquer outro aplicativo de computador.
Esta nova tecnologia poderá também traduzir imagens em relevos tácteis, através do mapeamento dos pixéis de cada imagem na forma de pontos salientes, tal como já é utilizado no alfabeto Braille.

Para construir o protótipo, os investigadores vão utilizar um polímero eletro-activo – músculo artificial -, que é muito resiste e mais barato do que os actuais sistemas mecânicos das impressoras Braille.De acordo com Peichun Yang, co-autor deste projecto, este material permite elevar os pontos na altura correcta para que possam ser lidos. Uma vez levantados, um sistema hidráulico de travamento suporta o peso aplicado pelos dedos das pessoas, conforme os pontos são lidos.

Uma vez demonstrado que o componente de travamento do mecanismo é uma tecnologia viável, os investigadores vão proceder à criação do protótipo do ecrã em Braille, esperando que esteja pronto dentro de um ano.

Intervenção Precoce - Construíndo Práticas com Impacto


A NÓS (Associação de Pais e Técnicos para a Integração do Deficiente), nomeadamente o Serviço de Apoio Técnico Precoce, vai realizar no dia 4 de Maio de 2010, das 9 às 17h, uma acção de formação com o tema: “Intervenção Precoce: Construíndo Práticas com Impacto”, com a presença do Dr. Robin McWilliam, Director do Centro de Investigação da Criança e da Família, no Siskin Children´s Institute, nos Estados Unidos da América.
Contactos:
R. Salgueiro Maia, nº25-A2835-345 – Lavradio
Tel: 212 033 646 , Móvel: 936 462 686
Fax: 212 092 762

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Saber que um filho é autista significa saber como ajudá-lo"

Olhe para ele: estendeu a mão, apertou a vossa, sorriu, disse olá... Antes de chegarem disse-lhe várias vezes que devia agir assim, mas nunca posso ter a certeza da forma como o meu filho vai reagir com pessoas que não conhece. Há três anos, antes de lhe ser diagnosticada uma perturbação do espectro do autismo e de receber treino de competências sociais, ele nunca vos cumprimentaria. Poderia até atirar-vos com os sapatos, por exemplo. Fez isso com uma psicóloga...
Vou começar por explicar algo que vos pode parecer estranho. Durante dez anos vivi com a ideia de que o meu filho tinha um atraso no desenvolvimento. Parece mau, mas não é. Reparem - um atraso é algo que se recupera.
Apesar de aos dez anos o meu filho não conseguir vestir-se ou tomar banho sozinho; de se recusar a entrar num supermercado ou num café; de ainda brincar com os seus dinossauros, no chão; de nunca, na vida, ter feito um único amigo; de nunca me ter tocado de forma espontânea ... eu pensava - é um atraso, vai recuperar, há-de chegar à universidade, há-de ser doutor.
Atenção - não sou louca! O meu filho tem um QI normal; graças ao apoio de professores do ensino especial (para recuperar o tal "atraso") já sabia ler e escrever e hoje está no 7.º ano e é um apaixonado por História.
Isto para explicar que eu acreditava, realmente, que, desde que eu não desistisse, ele iria recuperar e apanhar as outras crianças. Era isso que me fazia correr até ouvir a palavra autismo, na Consulta de Desenvolvimento do Hospital Pediátrico de Coimbra. Nesse dia, desmoronei.
Quando ele tinha um ano de idade eu disse aos médicos: "Só queria que ele olhasse para mim"; e eles responderam: "Não se preocupe, cada menino tem o seu ritmo." Aos dois anos, quando o levei a uma consulta de otorrinolaringologia pedi: "Só queria que ele se virasse quando o chamo"; e o médico: "Ele ouve perfeitamente, tem de ser menos ansiosa"; e aos três, porque ele não falava, disseram: "Tem um atraso, vai para a terapia da fala e recupera..."
E, de repente, alguém me dizia: o seu menino nunca será igual aos outros.
Desmoronei, é verdade, mas hoje sei que estava errada e é isso que quero partilhar com outros pais. Saber que um filho é autista significa saber como ajudá-lo. Dá muito trabalho. É preciso ensinar e repetir e insistir em coisas óbvias como em que os sapatos só se põem depois de vestir as calças. E não desistir quando, três anos depois, aos 13 anos, ele continua sem perceber por que há-de haver um sapato para um pé e outro para outro se ambos são a mesma coisa: sapatos. É só um exemplo, imaginem isto em relação a cada tarefa do quotidiano. Mas imaginem, também, a alegria que cada conquista representa.
A perspectiva muda. Já não acho assim tão importante que ele seja doutor, só quero que seja feliz. Há tempos, a ver um programa na televisão sobre um menino pastor ele disse: "É aquilo que eu quero." E por isso eu rio e prometo: se concluir que é disso que ele precisa para ser feliz serei eu própria a comprar meia dúzia de cabras e a acompanhá-lo lá acima, ao monte.
Escrito por Graça Barbosa Ribeiro a partir de uma entrevista com Ana Margarida Pimentel

Casos menos severos de autismo são preocupantes


João, com 12 anos, estava sempre alheado nas aulas, nunca olhava os professores nos olhos, mostrava-se indiferente às ordens que estes lhe davam e até os empurrava, caso eles se interpusessem entre si e algo que quisesse ver. Na escola foi classificado como "perigoso" e aos processos disciplinares seguiu-se a proposta de suspensão. Mas, se ela se tivesse concretizado, não serviria de nada, porque ele não entenderia o castigo. João era - e é - autista e uma entre muitas crianças que tardam a ser diagnosticadas e que, em vez de apoiadas e protegidas, são apontadas como mal-educadas e rejeitadas em sociedade.

O nome é falso, mas o caso é real e ilustra uma das preocupações que os especialistas consideram que têm de ser realçadas hoje, Dia Mundial da Consciencialização do Autismo. "Nos casos graves, o diagnóstico é precoce e os doentes são protegidos e apoiados. São as crianças com perturbações menos severas do espectro do autismo que, tal como as famílias, passam por situações mais complicadas. Todos exigem à criança um comportamento normal, quando ela não o pode ter - apesar de o diagnóstico não estar feito, ela não é mal-educada, é autista, nunca será como as outras", alerta Guiomar Oliveira, pediatra.

Coordenadora do único estudo de âmbito nacional sobre a prevalência do autismo - que envolveu 300 mil crianças com idades entre os 7 e os 9 anos -, Guiomar Oliveira baseia-se na sua experiência, mas também nos dados obtidos durante a investigação. O estudo, feito entre 1999 e 2000, permitiu concluir que uma em cada mil crianças tinha alguma perturbação do espectro do autismo; e ainda que, destas, apenas um terço tinha sido objecto de um diagnóstico correcto, apesar de quase todas estarem a ser acompanhas por problemas de comportamento e de aprendizagem, entre outros.

A dificuldade de diagnóstico é facilmente explicável: não há traços físicos associados à patologia e o grau de severidade (no que respeita aos défices na comunicação, na relação com os outros e na capacidade de imaginação) é muito variável.

Crianças com autismo num grau muito severo podem nunca chegar a falar e ficar indiferentes aos esforços de terceiros no sentido de estabelecerem com elas uma relação; crianças com a síndrome de Asperger, por exemplo, podem ter uma capacidade cognitiva e uma linguagem normais, que disfarçam outros sintomas da perturbação, como a incapacidade de perceber uma metáfora ou uma ironia e de expressarem emoções ou de entenderem as dos outros.

Há outra característica da doença que é especialmente cruel para os pais: um autista não entende as regras sociais e não tem mecanismos de autocensura - diz e faz o que lhe passa pela cabeça, no momento. E não é raro que, perante um comentário desagradável ou uma birra da criança, os pais sejam criticados por, supostamente, não a saberem educar.

Há quem pense que os casos de autismo têm aumentado. Guiomar Oliveira não concorda. Acredita que aumentou, sim, a quantidade de casos diagnosticados, muito graças ao progresso feito nos últimos anos no que respeita à sensibilização de educadores e de professores e à formação de médicos. "Chegam-nos, para estudo e diagnóstico, muitas crianças com 18 meses e dois anos; mas também muitos jovens com, 12, 13, 14 anos..."

Apesar desse aumento, quantos autistas andarão, desprotegidos, entre nós? É o que preocupa os especialistas. Isabel Cottinelli, presidente da Federação Portuguesa de Autismo (FPA), anuncia a aposta, ainda este ano, numa grande acção de divulgação dos sinais de alerta, dirigida às famílias (http://www.appda-norte.org.pt). Rita Soares, psicóloga daquela organização, não teme alarmismos: "Mesmo em caso de erro de diagnóstico, a uma criança com outra perturbação menos grave não faz mal ser integrada num programa de estimulação e de reforço de competências sociais; já para um autista, crescer sem "armas" para sobreviver em sociedade é muito complicado", frisa.

As armas, neste caso, são regras sociais. "João", cujo diagnóstico foi feito aos 13 anos, está a aprender, por exemplo, a ir ao supermercado - a aprender a pegar no produto, a esperar na fila, a entregar o dinheiro, a aguardar pelo troco e, entre outras coisas, a não comentar a obesidade ou os sinais de velhice da senhora que o está a atender.

À sociedade, alerta Guiomar Oliveira, cabe apoiar e proteger a criança. Mais propriamente, se o "João" tem de aprender a não empurrar os professores para chegar onde quer; aqueles também têm de agir tendo em conta que aquela é uma criança especial. O que significa, diz a pediatra, evitar situações de conflito: "Às vezes depende de muito pouco: se puderem evitar colocar-se entre a criança autista e um objecto que ela está a observar atentamente, o que custa fazê-lo?"

quinta-feira, 1 de abril de 2010

DREN garante rampas na EB 2,3 Francisco Torrinho


A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) garantiu que a Escola EB 2,3 Francisco Torrinha terá, até ao início do próximo ano lectivo, condições para receber alunos com problemas de mobilidade.
A mãe de um aluno que sofre de paralisia cerebral, que pretende matricular-se neste estabelecimento de ensino e que desencadeou o processo que poderá resultar nas obras de adaptação, nomeadamente com a instalação de rampas de acesso, afirma que só acredita quando "vir com os próprios olhos".
"Se a DREN garante a realização das obras então por que é que não fui notificada por escrito?", questiona Alexandra Moreira, mãe do aluno. A mesma diz ter recebido um e-mail anteontem, mas que "apenas informava que a DREN estava a averiguar uma alternativa".
A encarregada de educação afirma que vai aguardar pelo desfecho do processo, iniciado quando alertou a DREN para a necessidade da criação de condições para alunos com problemas de mobilidade, porque iria matricular o seu filho naquela escola. Contactada, a DREN garantiu que as obras terminarão antes do começo do ano lectivo.

Alteração pontual ao Despacho Normativo n.º 1/2005 - avaliação dos alunos

O Despacho Normativo n.º 9/2010 vem introduzir uma pequena alteração ao regime de avaliação dos alunos do ensino básico.
O n.º 49 do Despacho Normativo n.º 1/2005, de 5 de Janeiro, com as alterações que lhe foram introduzidas pelos Despachos Normativos n.os 18/2006, de 14 de Março, 5/2007, de 10 de Janeiro, e 6/2010, de 19 de Fevereiro, passam a ter a seguinte redacção:
"49 — [...]
a) [...]
b) [...]
c) No caso da alínea g), os alunos do 9.º ano realizam os exames de equivalência à frequência nas disciplinas em que não obtiveram aprovação."